Palavras
Mortas na Igreja de Hoje[1]
A W Tozer
Vou dar o nome
a apenas duas dessas palavras. Uma delas é “aceitar”. Essa palavra ensina a doutrina
da passividade moral. A outra palavra é “receber”., que ensina a doutrina da
tranquilidade. (Aceitar e receber, a Passividade
e a Tranquilidade de mãos dadas; observações minhas entre parágrafos[2]).
Fig. 1 Ilustrações das ideias
“Aceitar” foi,
certa vez, uma boa palavra. Casualmente, a palavra “aceitar”, no sentido de “aceitar
a Jesus” não ocorre na Bíblia, mas houve uma época em que era uma ideia viva.
Ela descrevia uma série de circunstâncias com experiências espirituais sendo o
que eram em uma determinada geração. Vozes vivas se levantavam e diziam, “vocês
não salvos pelas obras, são salvos ao aceitarem a Cristo” e havia vida nesta
palavra. Homens que tentaram abrir o céu pela escada das boas obras de Jacó, de
repente, descobriram que poderiam aceitar a Jesus no coração, e, assim, se
converterem. Essa foi uma palavra maravilhosa naqueles dias.
(O contraste: Grandes multidões o
acompanhavam, e ele, voltando-se, lhes disse:
Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e
mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode
ser meu discípulo.
E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após
mim não pode ser meu discípulo. Lucas 14:25-27)
Nas grandes
campanhas da geração passada, ela se tornou um lema para uma geração de
evangélicos, para os fundamentalistas, para os crentes do Evangelho pleno e
para as missões mundiais. Ela continha uma verdade poderosa que morreu há muito
tempo, mas a palavra continua. Ela permanece no imaginário teológico e está
produzindo uma geração de cristãos, ou dos chamados cristãos, que são impenitentes
de coração, frívolos no espírito e mundanos na conduta. (três consequências
de uma falsa conversão: coração que não se arrepende, sem fogo espiritual e
mundanos/carnais na conduta diária). Dizem as pessoas que querem se converter “aceite
a Jesus” e elas respondem “Tudo bem, farei isto”. Assim, aceitam a Jesus e
pronto. Não existe transformação, e a raiz do coração impenitente não é
arrancada. Existe o orgulho que nunca foi crucificado, um mundanismo que nunca
forma capazes de lidar e uma futilidade de espírito que é indescritível. Existe
toda uma geração perdida hoje, que é vitima dessa palavra morta “Aceitar”.
Para
dar uma ilustração a você do que quero dizer: existe uma instituição que é
especializada em alcançar jovens que estão no exército e falar sobre o senhor
Jesus para eles. Neste lugar, existe uma equipe que deveria testemunhar a
respeito do Senhor Jesus Cristo antes que estes jovens sejam enviados a outros países.
Um
dia, um dos obreiros, um pregador batista, veio a mim no meu escritório. Ele e
jogou em um pequeno sofá e disse: “Irmão Tozer, estou angustiado. Estou trabalhando
em tal instituição. Você sabe qual é o problema lá? Eles não permitem que eu fale
sobre arrependimento. Tudo que eu ouso dizer aos rapazes que vão para a guerra
é que “aceitem a Jesus”. O resultado é que curvam a cabeça e dizem: “Sim, eu o
aceito”. Levantam da cadeira com um sorriso amarelo e apertam minha mão. Alguns
deles não passam de garotos assustados indo para o campo. Alguns deles podem
não voltar mais e nem mesmo ouso falar a eles sobre o arrependimento da vida,
do pecado ou da tristeza pelo pecado. Sou obrigado a falar somente que aceitem
a Jesus”.
O estrago disto
será visto nas gerações futuras (estamos vendo este estrago agora?), quando a
Igreja ficar anêmica e com uma orientação mundana em todos os aspectos. “Aceitar
a Jesus” e não exigir a transformação de um homem ou de uma mulher resultará,
na verdade, na rejeição do Cristo do novo testamento. Por todo o país, os evangelistas
estão espalhando a mensagem “Aceitem a Jesus”, que se tornou, nos nossos dias,
nada mais que um zumbi teológico, uma voz saindo do túmulo, que significa coisa
nenhuma para esta geração. (Ou uma anuência a uma religião cristã, sem os necessários
arrependimento e conversão).
Fig. 2
A
segunda palavra “receber”. Essa palavra ensina a doutrina da tranquilidade.
Tanto “aceitar” como “receber” são verbos passivos, e o resultado desta doutrina
do receber causa uma tragédia em nossa sociedade.
Quando eu era
mais novo, por acaso encontrei com uma senhora, que Deus a abençoe. Ela não
tinha muita teologia, mas acreditava que a forma de ser cheia do Espírito Santo
era se ajoelhar e abrir o seu coração. Naquela época, sem ter muita teologia
também, graças a Deus obedeci. O resultado foi uma poderosa invasão à moda
antiga do Espírito Santo em meu ser, porque recebi aquele batismo.
Pouco tempo
depois a igreja começou a dizer: “receba o Espírito Santo”. Alguns companheiros
com o coração faminto e de aparência pesarosa chegavam e perguntavam como posso
“receber o Espirito Santo?” e seu professor dizia, “Como assim receber? Apenas
diga e receba-o, amigo. Você o recebe?”
“Sim o recebo”.
A tragédia que
aquele rapaz e outros iguais a ele não receberam a Jesus, e enviamos homens aos
montes, até para campos missionários, que não tem nada além da doutrina da
passividade espiritual.
Estas palavras
mortas que, embora em outras circunstâncias, em outra época, possam volta à
vida e se tornarem a própria palavra de Deus para uma geração.