Aula 07
Toda boa solução começa com um bom diagnóstico! Se não enxergamos onde estamos na caminhada cristã, dificilmente iremos crescer. Para isto devemos desenvolver nossa capacidade de diagnosticar. Segue gráfico geral sobre o assunto:
Toda boa solução começa com um bom diagnóstico! Se não enxergamos onde estamos na caminhada cristã, dificilmente iremos crescer. Para isto devemos desenvolver nossa capacidade de diagnosticar. Segue gráfico geral sobre o assunto:
No campo do auto conhecimento segue um bom material sobre o assunto:
A
Janela Johari
CONCEITUAÇÃO
É difícil entender
a complexidade da personalidade humana, especialmente em suas relações com os
outros. Os quatro retângulos abaixo poderão nos ajudar a conceituar o processo
da percepção de um indivíduo em relação a si mesmo e aos outros. Esta
representação de áreas da personalidade é chamada Janela Johari, idealizada por
Joseph Luft e Harry Ingham (1961), para ilustrar as relações interpessoais e os
processos de aprendizagem em grupo.
Fig.3.1. A Janela Johari.
I.
A área I (o eu aberto) constitui o nosso comportamento em muitas
atividades, reconhecido por nós e por qualquer um que nos observe. Este
comportamento varia grandemente conforme nossa estimativa do que é correto em
um ambiente específico e com diferentes grupos de pessoas. Esta área limita-se
àquilo de que nossos parentes e amigos estão cônscios e ao que nós consideramos
óbvio, tais como nossas características, nossa maneira de falar , nossa atitude
geral, algumas de nossas habilidades etc.
II.
A área II (o eu cego) representa nossas características de comportamento
que são facilmente percebidas pelos outros, mas das quais, geralmente, não
estamos cientes. Por exemplo, alguma manifestação nervosa, nosso comportamento
sob tensão, nossas reações agressivas em relação a subordinados, nosso desprezo
por aqueles que discordam de nós etc. Podemos especular por que estes padrões
de comportamento permanecem desconhecidos para nós e, no entanto, são óbvios
aos outros. Há evidências de que é nessa área que, freqüentemente, somos mais
críticos com o comportamento dos outros sem percebermos que nos estamos
comportando da mesma forma.
III.
A área III (o eu secreto) representa as coisas sobre nós mesmos que
conhecemos, mas que escondemos dos outros. Estas podem variar desde assuntos inconseqüentes
até os de grande importância. Numa situação fechada, ou relativamente
autoritária, é provável que haja muito mais deste aspecto do que numa situação
aberta. A pessoa que conta tudo sobre si mesma a alguém totalmente estranho, ou
a um vizinho, pode estar agindo assim por incapacidade de comunicação
satisfatória com pessoas que significam, afetivamente, muito para ela. Nesta
área e na área II algumas modificações podem ser conseguidas entre indivíduos
trabalhando juntos, experimentalmente, com espírito de cooperação e
compreensão.
IV.
A área IV (o eu desconhecido) inclui coisas das quais não estamos
cônscios e das quais nem os outros o estão. Constitui-se de memórias de
infância, potencialidades latentes e aspectos desconhecidos da dinâmica
intrapessoal. Algumas coisas estão muito escondidas e talvez nunca se tornem
conscientes; outras mais superficiais e, com o aumento de abertura e feedback,
poderão tornar-se conscientes.
MUDANÇAS NOS QUADRANTES
Num grupo novo, a área I, do eu
aberto, é muito pequena, há pouca interação livre e espontânea. Com o
desenvolvimento dos processos de grupo, ela cresce, pois os membros se sentem
mais livres para agir autenticamente. A área III decresce proporcionalmente ao
crescimento da área I, uma vez que, num clima de crescente confiança recíproca,
há menos necessidade de esconder ou negar pensamentos e sentimentos.
Uma área maior de atividade livre
nos membros do grupo provavelmente diminuirá receios e tensões e propiciará
possibilidades de orientar os recursos do grupo para a tarefa propriamente
dita. Isto significa maior receptividade a informações, opiniões e idéias
novas, em si mesmo ou em referência aos processos específicos de grupo. O fato
de esconder ou negar comportamentos, idéias e sentimentos durante o processo
interativo exige um certo dispêndio constante de energia e por isso a redução
da área III (o eu secreto) implica menor mobilização de energia para a defesa
deste território. Assim, um número maior de necessidades do indivíduo pode
encontrar expressão e maiores serão as probabilidades de o indivíduo ficar
satisfeito com seu trabalho e de participar plenamente nas atividades do grupo.
A área II (o eu cego) leva mais
tempo a reduzir-se porque, usualmente, há fortes razões de ordem psicológica
para a recusa em ver o que se faz ou sente.
É importante
frisar que uma mudança em um dos quadrantes provoca modificações em todos os
demais. A insegurança tende a diminuir a lucidez e a confiança recíproca, a
aumentá-la.
A COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL - DAR
E RECEBER FEEDBACK
O modelo gráfico Janela Johari
permite apreciar o fluxo de informações decorrentes de duas fontes - eu e
outros - bem como as tendências individuais que facilitam ou dificultam a
direção e a extensão deste fluxo.
Os processos principais que
revelam o fluxo interpessoal eu-outros, determinando o tamanho e o formato de
cada área da Janela, são os seguintes:
a)
Busca de feedback - consiste em
solicitar e receber reações dos outros, em termos verbais ou não verbais, para
conhecer como o seu comportamento está afetando os outros, isto é, ver-se com
os olhos dos outros;
b)
Auto-exposição - consiste em dar
feedback aos outros, revelando seus próprios pensamentos, percepções e
sentimentos de como o comportamento dos outros o está afetando.
A utilização
desses dois processos de forma equilibrada e ampla propicia desenvolvimento
individual e de competência interpessoal. Conquanto teoricamente os dois
processos possam ser usados igualmente, isto não ocorre nas situações reais,
onde um deles é preferido em detrimento do outro, trazendo assim um estado de
desequilíbrio, que se manifesta por tensões, hostilidades e ressentimentos,
prejudiciais ao relacionamento e à produtividade.
No exame do
traçado da Janela Johari, o tamanho e a forma das áreas merecem atenção,
especialmente em se tratando de pessoas que lidam profissionalmente com grupos
e desempenham o papel de líderes. As implicações desses aspectos são altamente
relevantes pelo significado do tipo de relacionamento que mantém com os outros
e suas conseqüências diretas e indiretas, em termos de satisfação pessoal e produtividade
no trabalho.
Uma área livre
muito reduzida pode significar inibição e restrição de comunicação no
relacionamento, resultantes, geralmente, de uma de duas fontes de motivação
opostas: de um lado, insegurança, e de outro lado, desejo de controlar os
outros. Quanto maior a área livre, provavelmente maior será também a
produtividade, apoiada em relacionamento satisfatório. Quando esta área é
pequena, indica participação mínima da pessoa numa relação de trabalho e passa
a influenciar os sentimentos das outras pessoas e seu grau de investimento
emocional é energético nas atividades a serem executadas em comum.
O
desequilíbrio nas áreas da Janela pode apresentar-se no sentido vertical ou no
sentido horizontal, revelando sempre uma superutilização de um dos processos e
subutilização do outro, com suas conseqüências prováveis em termos de reações
emocionais negativas e disfuncionalidade da dinâmica interpessoal.
Os processos
de solicitar feedback e de auto-exposição podem revelar preferências, consistentes
em sua utilização no comportamento interpessoal. Estas tendências,
representadas graficamente na Janela Johari, mostram aspectos importantes do
relacionamento eu-outros sob a forma de estilos interpessoais de comunicação.
ESTILOS INTERPESSOAIS
Estilo interpessoal I
A Janela Johari, pelo formato e
proporções de suas áreas, evidencia o predomínio da área desconhecida com seu
potencial inexplorado, criatividade reprimida e psicodinâmica pessoal
preponderante.
Os dois processos são usados em
grau reduzido, trazendo um relacionamento praticamente impessoal. A pessoa
parece ter uma carapaça em torno de si, exibindo comportamentos rígidos e
aversão a assumir riscos, ficando retraída e observando mais do que
participando.
Este estilo parece estar
relacionado a sentimentos de ansiedade interpessoal e busca de segurança,
canalizando sua energia para manter-se quase como sistema fechado, ao invés de
utilizá-la para autodescoberta e crescimento pessoal.
Fig. 3.2. Estilo interpessoal I.
O estilo tende a gerar hostilidade
nos outros, pois a falta de relacionamento é, geralmente, interpretada em
função das necessidades das outras pessoas e esta lacuna afeta sua satisfação.
Encontrado, com freqüência, em organizações burocráticas, onde, muitas vezes, é
até conveniente evitar abertura e envolvimento.
Estilo interpessoal II
Caracteriza-se por uma tendência
a perguntar muito sobre si mesmo, como os outros o percebem, o que acham de
suas idéias e atos, utilizando preferentemente o processo de solicitar
feedback. Ao mesmo tempo, indica pouco desejo de expor-se, ou pouca abertura, o
que pode ser interpretado como sinal de desconfiança nos outros.
Diferencia-se
do estilo I pela vontade expressa de manter relações com nível razoável de
participação no grupo, através de pedidos freqüentes de feedback, solicitando
informações quanto a idéias, opiniões e sentimentos dos outros. Procura,
geralmente, saber a posição dos outros antes de comprometer-se, o que, a longo
prazo, acaba levando as outras pessoas a se irritarem ou se retraírem, gerando
sentimentos de desconfiança, reserva, ansiedade, desgosto e hostilidade.
Quanto mais
utilizado o processo de solicitar feedback e menos o de auto-exposição, mais
aumenta e se consolida o eu secreto, porquanto o tamanho de sua área está inversamente
proporcional à quantidade de informação fluindo do indivíduo. Neste estilo, a pessoa
pode ser vista como superficial e distante.
Fig. 3.3. Estilo interpessoal II.
Há, certamente, inúmeras razões
para a pessoa não se expor e usar menos o processo de dar informações sobre si
mesma. Uma delas pode ser o medo de ser rejeitada ou agredida, outra é não
receber aprovação ou apoio se os outros conhecerem seus verdadeiros pensamentos
e sentimentos. O fator subjacente, em ambas as razões, é a concepção de
julgamento negativo de sua pessoa, o que poderia estar relacionado com
auto-imagem depreciada e sentimentos de insegurança e, no outro extremo, com
motivação de auto-afirmação e desejo de manipular ou controlar as outras
pessoas através da retenção proposital de informações esclarecedoras. Os outros
podem interpretar as motivações da pessoa dos dois modos. Consideram a falta de
abertura como sinal de insegurança, passando a desprezar ou menosprezar a
pessoa, ou como falta de confiança e tentativa de controle dos outros pelo fato
de deixá-los sem pontos de referência quanto à sua posição e reações.
Nas situações
de trabalho, pode-se criar um clima de permissividade indevida ou excessiva, em
que todos opinam e dão feedback ao superior, sem que este complemente o
processo com auto-exposição, o que tende a ser disfuncional na comunicação,
gerando tensões e sentimentos negativos.
Estilo interpessoal III
O indivíduo
utiliza intensamente o processo de auto-exposição e muito pouco o de solicitar
feedback. Sua participação no grupo é atuante, dando informações, mas
solicitando pouco. Diz às pessoas o que pensa delas, como se sente com relação
a elas, sua posição no grupo, podendo criticar freqüentemente a todos, na
convicção de que está sendo franco, honesto e construtivo.
Os outros
podem percebê-lo como egocêntrico, com exagerada confiança nas próprias
opiniões e valorizando sua autoridade, além de insensível ao feedback que lhe
fornecem. Conseqüentemente, os outros tendem a sentir-se lesados em seus
direitos, sem receber a devida consideração e podem desenvolver sentimentos de
insegurança, hostilidade, ressentimento e defensividade com relação à pessoa.
Fig. 3.4. Estilo interpessoal III.
Este estilo tende a conservar e
ampliar o eu cego, pois os outros passam a sonegar informações importantes ou
dar feedback seletivo e, assim, concorrer para perpetuar comportamentos
ineficazes, uma vez que o indivíduo não consegue beneficiar-se da função
corretiva do feedback dos outros.
A menor
solicitação e recebimento de feedback também têm razões psicologicamente
válidas, correspondendo a reações intrapessoais a tensões variadas, tais como
receio de conhecer sua imagem pelos outros, necessidade de não perder poder,
autoritarismo etc. Mesmo exercendo função protetora, o estilo provoca reações
disfuncionais na comunicação interpessoal e prejudica a produtividade pelos
ressentimentos, hostilidades, e finalmente apatia decorrentes do processo,
afastando a confiança mútua e a criatividade das situações de trabalho.
O usuário do
estilo, entretanto, não se apercebe de seu papel como fator principal desse
estado de coisas, pois a tendência é fortalecer e aumentar sua área cega.
Estilo interpessoal IV
Caracteriza-se pela utilização
ampla e equilibrada de busca de feedback e de auto-exposição, permitindo
franqueza e empatia pelas necessidades dos outros. O comportamento da pessoa,
em sua maior parte, é claro e aberto para o grupo, provocando menos erros de
interpretação por parte dos outros.
A área maior é
a do eu aberto, ou de livre atividade, gerando expectativas de maior
produtividade, através da redução de conjecturas sobre o que a pessoa está
tentando fazer ou comunicar.
Inicialmente, este estilo pode
conduzir à defensividade nos outros, por não estarem habituados a relações
interpessoais autênticas, o que pode ser ameaçador ou inadequado até em algumas
situações ou contextos. A médio e longo prazo, entretanto, a tendência é para
estabelecer normas de franqueza recíproca, de tal modo que confiança mútua e
criatividade possam ser desenvolvidas para um relacionamento significativo e
eficaz.
Fig. 3.5. Estilo interpessoal IV.
O objetivo principal dos
processos de busca de feedback e auto-exposição consiste em movimentar
informações das áreas cega e secreta para a área livre, onde serão úteis a
todos. Nestes processos, algumas informações podem mover-se da área
desconhecida para a área livre. Uma pessoa, por exemplo, pode alcançar um
insight quando percebe, subitamente, uma relação entre um evento aqui-e-agora
no grupo e um acontecimento passado, resultante de feedback e reflexão
conducente à abertura, freqüentemente observado em treinamento de sensibilidade
e laboratórios de dinâmica interpessoal.
Fela Moscovici, Desenvolvimento Interpessoal, LTC
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