sexta-feira, 29 de junho de 2012

O que é o Kardecismo a Luz da Bíblia



O QUE É O KARDECISMO[1]
Pr. Joaquim de Andrade e Pr. Paulo Romeiro (com acréscimos de Pr Leonir Oliveira)

I. HISTÓRICO

O espiritismo moderno surgiu em Hydesville, nos Estados Unidos, com as irmãs Margaret e Kate Fox. As duas eram ainda crianças quando, em 31 de março de 1848, aconteceram as primeiras manifestações espíritas. Ruídos de pancadas foram ouvidos na casa da família Fox. Depois, móveis passaram a mover de uma parte para a outra. Kate e Margaret criaram um sistema de comunicação com o suposto espírito. As notícias do fenômeno se espalharam e sessões espíritas começaram a ser realizadas por toda a parte, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.

O espiritismo tem em Alan Kardec a sua principal estrela. Seu verdadeiro nome é Hippolyte Léon Denizard Rivail. Nasceu em Lyon, na França, em 3 de outubro de 1804. Anos depois, mudou-se para Yverdun, na Suíça, onde estudou com Pestalozzi. Kardec formou-se em letras e ciências e doutorou-se em medicina. Em 25 de março de 1856, numa sessão, Kardec recebeu, através de uma médium, a informação de que dali por diante, um espírito denominado “A Verdade”, seria o seu guia espiritual. Em 18 de abril de 1857, publica O Livro dos Espíritos, uma obra contendo mais de mil (1.019) respostas às perguntas feitas aos espíritos. Outras obras foram publicadas depois: O Evangelho Segundo o Espiritismo, A Gênese, O Céu e o Inferno, O Livro dos Médiuns, O Que é o Espiritismo e Obras Póstumas. Kardec faleceu no dia 31 de março de 1869, em Paris, aos 65 anos de idade, vítima de aneurisma cerebral. Na França de hoje, não há mais de mil adeptos do espiritismo.

I. O ESPIRITISMO NO BRASIL

No Brasil, o espiritismo tem várias facetas, tais como a Legião da Boa Vontade (LBV), a Cultura Racional (que publica o livro Universo em Desencanto), o Racionalismo Cristão, o Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento e o espiritualismo relacionado à umbanda, ao candomblé, à quimbanda e à macumba, cujas raízes religiosas vieram diretamente da África, misturando-se com as crenças indígenas.

Atualmente, o espiritismo kardecista conta com cerca de 6,9 milhões de adeptos (não atualizado) e existem em torno de 5,500 centros espalhados por todo Brasil. Observe estes números: “Em apenas dez anos, o número de adeptos do espiritismo, doutrina que se define como religião, filosofia e ciência, saltou de 1,r milhão para 6,9 milhões de pessoas. Somados os que não frequentam regularmente seus centros, mas aceitam os seus princípios, baseados na reencarnação, na possibilidade de comunicação com os mortos e na caridade, os espíritas brasileiros chegariam a 20 milhões de pessoas, que compram 2.8 milhões de livros sobre a doutrina a cada ano” (Veja, 10/04/91, p. 40). O nome mais conhecido no kardecismo brasileiro é o de Chico Xavier, natural de Uberaba, Minas Gerais. É dito que Chico Xavier já incorporou cerca de 605 autores falecidos, 328 dos quais poetas. (Ibidem, p. 42).

O espiritismo cresce no Brasil pelos seguintes motivos:

· O misticismo do povo brasileiro;
· A falha do catolicismo romano em atender aos anseios espirituais de seus membros;
· A fachada cristã do espiritismo;
· o aspecto consolador do espiritismo;
. Suposta base científica desta religião.

II. PRINCIPAIS POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

3.1. Confundindo o Espírito Santo

O Espiritismo pretende ser a terceira revelação de Deus à humanidade. A primeira revelação teria vindo através de Moisés, a segunda através de Jesus e a terceira, através do espiritismo. Observe esta declaração de Kardec: “Reconhece-se que o Espiritismo realiza todas as promessas do Cristo a respeito do Consolador anunciado. Ora, como é o Espírito da Verdade que preside ao grande movimento da regeneração, a promessa da sua vinda se acha por essa forma cumprida, porque, de fato, é ele o verdadeiro Consolador.” (A Gênese, 34).

Resposta Bíblica

O Espírito Santo é o “outro” (ekeinos - pronome demonstrativo masculino no grego) Consolador (João 14.16, 26), sendo assim a terceira pessoa da Trindade. Jesus é o Advogado (1ª João 2.1). A palavra Paráclito é traduzida por Consolador, Advogado, Amparador. O Espírito Santo possui atributos pessoais: sentimento (Efésios 4.30), vontade própria (1ª Coríntios 12.11) e inteligência (João 14.26).

3.2. Comunicação com os mortos

O próprio Kardec reconheceu ser impossível a identificação dos espíritos que falam pelo médium, ao declarar: “A identidade constitui uma das grandes dificuldades do espiritismo prático. É impossível, com frequência, esclarecê-la, especialmente quando são Espíritos superiores antigos em relação a nossa época. Entre aqueles que se manifestam, muitos não tem nome conhecido para nós, e a fim de fixar nossa atenção, podem assumir o de um Espírito conhecido, que pertence a mesma categoria. Assim, se um espírito se comunica com o nome de São Pedro, por exemplo, não há nada mais que prove que seja exatamente o apóstolo desse nome. Pode ser um Espírito do mesmo nível, por ele enviado” (O Que é o Espiritismo, p. 318; O Livro dos Espíritos, p. 318).

Resposta bíblica

a) Deus proíbe tal forma de comunicação: Êxodo 22.18; Levítico 19.31; Deuteronômio 18.11-13; Isaías 8.19.

b) O Episódio de Saul e a Pitonisa de Endor (1º Samuel 28.13, 14). Observe as razões que admitem fraudes nesta manifestação demoníaca:

· Saul perdera a graça de Deus (1º Samuel 28.6) e isso por desobediência (1º Samuel 15.23).

· Pela vontade de Deus, Saul havia desterrado os necromantes (1º Samuel 28.3).

· Deus não respondia mais a Saul (1º Samuel 28.6), nem por Urim (revelação sacerdotal, nem por sonhos (revelação pessoal) e nem por profetas (revelação inspiracional.

· Não se pode conceber que Deus tivesse proibido tal forma de comunicação e ao mesmo tempo a permitisse (Malaquias 3.6 e Tiago 1.17).

· A consequência do passo de Saul (1º Crônicas 10.13).

· A falsa profecia do suposto Samuel: não morreram todos os filhos de Saul (1º Samuel 28.19). Ficaram vivos pelo menos três filhos: Isbosete (2º Samuel 2.8-10), Armoni e Mefibosete (2º Samuel 21.8). Compare isso com 1º Samuel 3.19.

c) Os perigos da comunicação com os mortos

3.3. A reencarnação

a) O lema de Kardec: “Nascer, morrer, renascer e progredir sempre; esta é a lei” (Epitáfio no túmulo de Allan Kardec).

b) Definição: A crença de que a alma se transfere de uma existência física para a outra, até que, depois de muitas vezes ter vivido aqui na terra, a alma é liberada da existência terrena e absorvida pelo Absoluto.

· Pluralidade de existências: Kardec declarou: “...é só depois de várias encarnações ou depurações sucessivas, num tempo mais ou menos longo, e segundo seus esforços, que eles atingem o objetivo para o qual tendem” (O Livro dos Espíritos, cap. IV, p. 196).

· Expiação e progresso contínuo até a perfeição. O objetivo da reencarnação é, pois, “expiação, aprimoramento progressivo da humanidade” (Ibidem, cap. IV, p. 167).

· Alcance do objetivo final pelo esforço próprio. O alvo de cada existência é que o espírito procure expiar as faltas cometidas anteriormente. “Toda falta cometida, todo mal realizado, é uma dívida contraída que deverá ser paga; se não o for em uma existência sê-lo-á na seguinte ou seguintes” (Kardec, O Céu e o Inferno, cap. 7,9).

· Libertação final do corpo: porque cada nova existência será “feliz ou infeliz segundo o que tiverem feito neste mundo, e podem, a partir desta vida, se elevarem tão alto que não temerão mais a queda no lodaçal” (Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, 1984, 22 edição, p.20). Essa ideia foi emprestada do hinduísmo, onde o espírito deve progredir até escapar do sansara, o ciclo ou roda de reencarnações.

c) Textos bíblicos usados pelos espíritas

· A possibilidade de João Batista ser Elias (Mateus 11.14). João Batista foi um profeta de ministério semelhante, não o próprio Elias. Houve apenas uma identidade de ministério. Se Elias não morreu (2º Reis 2.11), não poderia reencarnar. João negou ser Elias (João 1.21).

· O verbo ser nem sempre pode ser interpretado literalmente na Bíblia: Mateus 12.46-50; 26.26.

· O diálogo de Jesus com Nicodemos (João 3.3, 5) – nascer de novo significa ser regenerado (1ª Pedro 1.23; Tiago 1.18; João 16.7-9).

· Purificação de pecados apenas através do sangue de Jesus (1ª João 1.7; Apocalipse 1.5).

· Veja ainda 2º Samuel 12.22, 23; Salmo 78.39; Lucas 16.19-31 e Hebreus 9.27.

· A Bíblia fala de ressurreição (a volta no mesmo corpo) e não de reencarnação.

4. Salvação pelas obras

a) Declaração de Allan Kardec: “Fora da caridade não há salvação” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, p. 631).

b) Declaração de Léon Denis: “Não; a missão do Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. Nada de exterior a nós poderia fazê-lo. É o que os espíritos, aos milhares, afirmam em todos os pontos do mundo” (Cristianismo e Espiritismo, p. 98).

Resposta bíblica

Isaías 64.6; Efésios 2.8,9; Tiago 3.5. Somos salvos para as boas obras e não pelas boas obras (Efésios 2.8-10). Repetindo: purificação de pecados só é possível através do sangue de Jesus (1ª João 1.7; Apocalipse 1.5[2]).

5. Reencarnação uma questão de justiça

O kardecismo define que a reencarnação é uma questão de justiça esta é uma justiça do tipo olho por olho, dente por dente. Se você fez, tem que pagar. Esta não é a justiça de Deus, ainda que haja certo plantio e colheita em nosso dia a dia, se Deus fosse nos dar a paga de tudo o que fazemos, pensamos ou nos omitimos, nossa vida seria muito ruim mesmo. Então a justiça de Deus se manifesta de outra forma: E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; Filipenses 3:9 e Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus. 2 Coríntios 5:21. Sendo assim com o coração nós cremos, para que pela fé em Cristo, meus pecados estejam nEle e a justiça dEle esteja em minha vida.


Pesquisas recentes:

6. Cresce número de brasileiros sem religião e espíritas[3]

Embora sejam minoria absoluta, os sem religião e os espíritas também tiveram crescimento. Em vinte anos, a proporção de sem religião aumentou 70% passando de 4,7% para 8%. Entre 2000 e 2010, o aumento foi menos expressivo - a parcela da população que declara não ter religião passou de 7,4% para 8%. São 15,3 milhões de brasileiros.



Já o crescimento dos que se declaram espíritas aconteceu na última década, passando de 1,3% para 2%. Eram 2,2 milhões e passaram a 3,8 milhões de brasileiros.



Ainda menos representativas, outras religiões também tiveram crescimento. O islamismo (0,2% da população) teve aumento de 29% e é professada por 35.167. As tradições indígenas foram citadas por 63.082 entrevistados - um aumento de 269% em relação aos 17.088 de dez anos antes. Os seguidores do hinduísmo praticamente dobraram, em números absolutos - passaram de 2.905 para 5.675 -, mas representam 0,002% dos brasileiros.



A proporção de brasileiros que declararam umbanda e candomblé como sua religião se manteve a mesma, 0,3%, somando-se as duas. Mas o número absoluto de seguidores do candomblé teve ligeiro aumento - de 127 mil para 167 mil. O judaísmo também se manteve estável, com 0,5% da população. Hoje são 107 mil brasileiros.



[2] Todas as citações bíblicas são da ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB). As ACF e ARC (ARC idealmente até 1894, no máximo até a edição IBB-1948, não a SBB-1995) são as únicas Bíblias impressas que o crente deve usar, pois são boas herdeiras da Bíblia da Reforma (Almeida 1681/1753), fielmente traduzida somente da Palavra de Deus infalivelmente preservada (e finalmente impressa, na Reforma, como o Textus Receptus). Exceto os meus acréscimos.

terça-feira, 12 de junho de 2012

O Jesus da História X Jesus Histórico (O problema messiânico) Aula 12 TNT

O Problema Messiânico: O Jesus da
História e o Jesus Histórico
Aula 12
O Problema
Nos capítulos precedentes estudamos o retrato de Jesus como encontrado nos Evangelhos Sinópticos. Encontramos, em várias ocasiões nesse estudo, bases objetivas nos dados fornecidos pelos Evangelhos, para crer que essa é uma descrição fundamentalmente precisa, ou seja, que o retrato corresponde basicamente aos fatos da história de Jesus. ...muitos estudiosos hoje em dia fazem restrições ao retrato que estabelecemos, com a objeção de que ele representa a fé da igreja e não a história real acerca de Jesus. Eles insistem em que devemos ir além do Jesus dos Evangelhos, o qual, para eles, é essencialmente o mesmo que o Cristo da Fé, para recuperar o Jesus histórico, isto é, um Jesus que não recebeu a influência da fé.
Cristo da Fé X Jesus Histórico

Jesus Cristo, Cristo da Fé e o Jesus Histórico

O problema essencial é de Cosmovisão!
O problema essencial é o da transcendência. Jesus é descrito como um ser transcendente que está cônscio dessa dimensão de transcendência. Por saber de uma forma única que é o Filho de Deus, ela traz diretamente aos seres humanos a presença imediata de Deus.
O problema essencial é de Cosmovisão!
“Compreensão moderna”
O problema resume-se na compreensão moderna da natureza da história. A rejeição do retrato apresentado nos Evangelhos não resulta de um estudo objetivo, compreensivo e indutivo destes, mas de pressuposições filosóficas a respeito da natureza da história e da natureza dos Evangelhos. A História, reivindica-se, é exclusivamente o estudo da humanidade e de suas experiências. Os Evangelhos, todavia, são testemunhos da fé em Deus e do que essa fé acreditou que Deus havia realizado em Jesus. Uma vez que Deus não é um personagem histórico, mas um ser transcendental, a história não pode tratar da reivindicação da fé de que Deus estava realmente revelando a si mesmo em Jesus de Nazaré. Portanto, o estudo histórico dos Evangelhos deve deixar de lado esse postulado da fé, e recriar a história de Jesus de Nazaré em termos puramente "históricos", isto é, não sobrenaturais.
A NATUREZA DOS EVANGELHOS
De início, devemos admitir claramente que os Evangelhos foram escritos por homens de fé que pertenceram à comunidade de crentes. Assim, eles não são relatos históricos "neutros ou objetivos", se por neutros e objetivos quisermos nos referir a uma atitude de indiferença, de alienação aos fatos. Eles são evangelhos - as boas-novas do que Deus realizou em .Jesus." Um incrédulo não poderia ter escrito um evangelho, pois poderia registrar as palavras e atos de Jesus, mas o faria em um contexto de dúvida e ceticismo, em que consideraria Jesus como um charlatão ou como alguém demente. A questão é: será que o fato dos evangelistas serem homens crentes, dedicados, os leva a distorcer e registrar maIos fatos da história? Muitos estudos a respeito de Jesus colocam a fé e a história em categorias antitéticas. Tudo quanto nos Evangelhos corresponda à fé cristã não pode ser historicamente digno de crédito. Este pressuposto, entretanto, é falso. Exatamente o oposto pode ser verdadeiro; somente a fé poderia realmente apreciar e registrar adequadamente o que aconteceu com o Jesus da história. A maior parte dos historiadores hoje em dia admite que toda boa história é uma história interpretada. A história que não for interpretada, não é considerada história real, pois constitui-se somente de uma crônica seca e sem sentido a respeito de pessoas, de lugares, de eventos e de datas. A história procura sempre compreender o significado dos eventos que registra; e o fato de alguém ter um ponto de vista, não significa que seja um historiador pobre ou que distorça os fatos para dar suporte à sua interpretação.
A Missão Messiânica
Aula 13
Marcos 10
45  Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.
História da Salvação
A missão messiânica de Jesus foi conduzir a história do propósito redentor de Deus a uma grande crise. Jesus, por sua presença na terra e por meio de sua missão, introduziu na história tal manifestação dos poderes do Reino de Deus, que sua consumação futura e gloriosa foi garantida. Essa centralidade da pessoa e da obra de Cristo na história da redenção é a chave de toda a Bíblia. O Novo Testamento, como um todo, dá testemunho explícito desse fato e o Antigo Testamento não pode ser propriamente entendido à parte dele.
O SIGNIFICADO DA CRUZ
Mt 26. 28  Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados.
Mc 10. 45  Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.
Significados
A morte de Jesus é messiânica;
A morte de Jesus é expiatória;
A morte de Jesus é substitutiva;
A morte de Jesus é sacrificial;
A morte de Jesus é Escatológica;
A morte de Jesus—uma Vitória.
ROMANOS 11
36  Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.