quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Grupos religiosos do Novo Testamento

Caros
Quem são os saduceus ou fariseus? Você sabia que um dos apóstolos era um zelote? Leia mais e saiba quem são estes grupos religiosos dentro do judaísmo
Fonte: Introdução ao Novo Testamento do Brodus.
Complemento de Aula I (TNT II)

GRUPOS RELIGIOSOS DO NOVO TESTAMENTO

            O Novo Testamento observa a presença de partidos religiosos que eram desconhecidos no Velho Testamento. A fonte principal de informação é encontrada nas obras de Flávio Josefo. Em dois de seus livros, As Guerras dos Judeus (II, viii, 1-4) e As Antigüidades dos Judeus (XIII, v. 9), ele escreve acerca de quatro desses partidos: fariseus, saduceus, zelotes e essênios. Para nossos propósitos, os herodianos e os zadoqueus devem ser acrescentados. 

            1. Fariseus — O grupo maior e mais importante é o chamado os fariseus. A palavra em si significa "separatistas", tendo sido, provavelmente, aplicada como expressão de escárnio aos oponentes. Eles fizeram seu primeiro aparecimento definido como um grupo com este nome durante a época de João Hircano I. Alguns estudiosos dizem que o termo foi pela primeira vez usado quando alguns judeus piedosos "se separaram" de Judas Macabeu, depois de 165 a.C. É mais provável que eles foram os sucessores dos "hasidins", que se haviam empenhado em "separar-se" do pecado, e na "separação" (interpretação) das Escrituras, durante as reformas de Esdras e Neemias.
           
            Seja qual for sua origem, os fariseus foram o resultado final do movimento que teve seus primórdios com Esdras, intensificado pelos hasidins, sob os sírios e romanos. Eles representam aquela tendência, no judaísmo, que sempre reagiu contra dominadores estrangeiros, mantendo o exclusivismo judaico e a lealdade à tradição dos pais. Pouco se interessavam no poder político, mas se tornaram os mentores políticos de Israel. Eles tinham maior controle sobre o povo do que os saduceus, que eram mais abastados e politicamente poderosos. Controlavam a sinagoga, e só eles sobreviveram à Guerra Judaico-Romana de 66-70.

            Devido à sua profunda reverência para com os ideais nacionais e religiosos judaicos, e devoção aos mesmos, os fariseus se opuseram à introdução das idéias gregas, e não deixou de ser natural que se tornassem o partido reacionário. Para eles, as coisas velhas eram as únicas coisas boas. Num desejo sincero de tornar a lei praticável dentro do mundo greco-romano em mudança, os fariseus aderiram ao sistema da tradição dos pais. Começando com as Escrituras, eram feitas interpretações para se ajustar uma situação existente ou combater um erro em teologia. Nas tentativas de responder a problemas levantados por religiões intrusas, muitas idéias dormentes no Velho Testamento foram desenvolvidas e aumentadas. Entre essas doutrinas desenvolvidas durante esses 400 anos estão a ressurreição dos mortos, os demônios, os anjos e a esperança messiânica.

            Para o fariseu, a tradição oral suplantou a lei. Este era o principal ponto em que divergiam dos saduceus, que não viam nenhuma necessidade de alterar-se a lei. Os fariseus diziam que as finas distinções das tradições orais eram para facilitar o cumprimento da lei sob novas condições e tornar virtualmente impossível pecar-se. Eles também colocavam uma forte ênfase sobre a providência divina nos assuntos do homem.
Verbete Fariseus no Strong:
5330 φαρισαιος Pharisaios
de origem hebraica, cf 6567 פרושים ; TDNT - 9:11,1246; n m
1) Seita que parece ter iniciado depois do exílio. Além dos livros do AT, os Fariseus
reconheciam na tradição oral um padrão de fé e vida. Procuravam reconhecimento e
mérito através da observância externa dos ritos e formas de piedade, tal como lavagens
ceremoniais, jejuns, orações, e esmolas. Comparativamente negligentes da genuína
piedade, orgulhavam-se em suas boas obras.
Mantinham de forma persistente a fé na existência de anjos bons e maus, e na vinda do
Messias; e tinham esperança de que os mortos, após uma experiência preliminar de
recompensa ou penalidade no Hades, seriam novamente chamados à vida por ele, e
seriam recompensados, cada um de acordo com suas obras individuais. Em oposição à
dominação da família Herodes e do governo romano, eles de forma decisiva
sustentavam a teocracia e a causa do seu país, e tinham grande influência entre o povo
comum. De acordo com Josefo, eram mais de 6000. Eram inimigos amargos de Jesus e
sua causa; foram, por outro lado, duramente repreendidos por ele por causa da sua
avareza, ambição, confiança vazia nas obras externas, e aparência de piedade a fim de
ganhar popularidade.

            2.   Saduceus — Embora a origem da seita esteja perdida na obscuridade, o nome pode ter-se derivado de um certo Zadoque, que sucedeu Abiatar como sumo sacerdote durante os dias de Salomão. Pode ter vindo da palavra hebraica "zoddikim", que significa "os justos". Os saduceus gabavam-se de sua fidelidade à letra da lei mosaica, em contradistinção à tradição oral. Este era o partido da aristocracia e dos sacerdotes abastados. Eles controlavam o sinédrio e qualquer resquício de poder político que restava. Eram os colaboracionistas, a tendência que favorecia o poder estrangeiro e que se alinhava com ele pelo poder. Também controlavam o templo. O sumo sacerdote era sempre o líder deste grupo. Era um grupo fechado e não procurava prosélitos, como o faziam os fariseus.

            Teologicamente conservadores (diziam),limitavam o cânon à Torah ou Pentateuco. Rejeitavam as doutrinas da ressurreição, demônios, anjos, espíritos, e advogavam a vontade livre, em lugar da providência divina. Este grupo não sobreviveu à Guerra Judaico-Romana de 66-70.

Verbete Strong:
4523 σαδδουκαιος Saddoukaios
provavelmente de 4524; TDNT - 7:35,992; n m
Saduceus = “justo”
1) partido religioso judeu da época de Cristo, que negava que a lei oral fosse revelação de
Deus aos israelitas, e que cria que somente a lei escrita era obrigatória para a nação
como autoridade divina. Negava as seguintes doutrinas:
1a) ressurreição do corpo
1b) imortalidade da alma
1c) existência de espíritos e anjos
1d) predestinação divina (afirmavam o livre arbítrio)
            3.   Zelotes — Os zelotes representavam o desenvolvimento na extrema esquerda entre os fariseus. Estavam interessados na independência da nação e sua autonomia, ao ponto de negligenciarem toda outra preocupação. Segundo Josefo, o fundador foi Judas de Gamala, que iniciou a revolta sobre o censo da taxação, em 6 d.C. Seu alvo era sacudir o jugo romano e anunciar o reino messiânico. Eles precipitaram a revolta em 66 d.C, que levou à destruição de Jerusalém em 70. Simão, o zelote, foi um dos apóstolos.
Verbete Strong:
2208 ζηλοτης Zelotes
o mesmo que 2207; TDNT - 2:882,297; n m
1) alguém que arde em zelo, zelote
2) usado para descrever Deus como zeloso de qualquer rival e severamente reivindicando
seu controle
3) desejo ansioso por, zelo por algo
3a) para adquirir algo (desejoso de)
3b) para defender e sustentar algo, lutando veementemente por algo
Desde a época dos Macabeus, havia entre os judeus um classe de homens, chamados
Zelotes, que era fanaticamente apegada à lei mosaica a ponto de recorrer à violência, a
exemplo de Finéias, para impedir que a religião fosse violada por outros; mais tarde, no
entanto, a comunidade judaica passou a usar o seu santo zelo como pretexto para os
mais terríveis crimes.

            4.  Essênios — Estes representavam o desenvolvimento na extrema direita entre os fariseus. Eram uma ordem distinta, na sociedade judaica, mais que uma seita dentro dela. Sendo o elemento mais conservador dos fariseus, eles enfatizavam a observação minuciosa da lei. Formavam uma comunidade ascética ao redor do Mar Morto, e viviam uma vida rigidamente devota. Eram a sobrevivência dos hasidins mais estritos, influenciados pela filosofia grega. A partir dos documentos de Qumram, parece que eles aguardavam um messias que iria combinar as linhagens real e sacerdotal, numa estrutura escatológica. Este grupo não é mencionado em o Novo Testamento.

            5.   Herodianos — Os saduceus da extrema esquerda eram conhecidos como os herodianos. Tirando o nome da família de Herodes, eles baseavam suas esperanças nacionais nessa família e olhavam para ela com respeito ao cumprimento das profecias acerca do Messias. Eles surgiram em 6 d.C, quando Arquelau, filho de Herodes, o Grande, foi deposto, e Augusto César enviou um procurador, Copônico. Os judeus que favoreciam a dinastia herodiana eram chamados "herodianos". Este grupo é mencionado em Mateus 22:16 e Marcos 3:6; 12:13.

            6. Zadoqueus — Na extrema direita dos saduceus estava o grupo conhecido como os zadoqueus. Embora não mencionados em o Novo Testamento, este grupo é importante, porque mostra outra tendência entre os saduceus, talvez dando uma chave quanto à sua origem. Em 1896, um fragmento de um documento foi encontrado numa sinagoga no Cairo. Publicado em 1910, com o título Fragmentos de uma Obra Zadoquita, este termo entrou em todas as discussões acerca do judaísmo sectário. A descoberta de outros documentos na comunidade de Qumram, do Mar Morto, sugere alguma relação entre os zadoqueus, os essênios e a comunidade de Qumram. Um movimento de reforma foi iniciado entre os sacerdotes (filhos de Zadoque), entre os saduceus, durante o início do segundo século a.C. Quando a reforma fracassou, eles foram para Damasco e estabeleceram uma comunidade sob um novo conjunto de regulamentos, denominado "o novo concerto". Alguns posteriormente voltaram como missionários para sua terra natal e depararam com amarga oposição por parte dos fariseus e saduceus. Alguns, então, encontraram seu caminho em direção às comunidades ao redor do Mar Morto. Eram missionários fervorosos, em busca de um mestre de justiça que chamasse Israel de volta ao arrependimento e apareceria no advento do Messias. Eles aceitavam toda palavra escrita, mas rejeitavam a tradição oral. Eram muito abnegados na vida pessoal e leais aos regulamentos da pureza levítica. Deram grande ênfase à necessidade de arrependimento.
              7. Gnosticismo —  Os sistemas gnósticos desenvolvidos podem ser divididos em dois grupos básicos: docético e cerintiano. Estes emergiram como tipos definidos no segundo século e desenvolveram seu próprio corpo de doutrinas. O nome deriva da ideia que alguns tem um conhecimento (gnosis) especial do divino e outros não. Um elemento básico a todos os sistemas de gnosticismo, entretanto, é a ideia de que Deus, sendo o bem perfeito, não poderia ter criado o mundo físico (que é mau); portanto, o Cristo, sendo divino, não poderia ter-se encarnado. O docetismo tirou seu nome do verbo grego doke/w (dokeo: parecer) e ensinava que Jesus não foi uma pessoa real, de carne e sangue; ele era um fantasma, que apenas parecia ter substância física. Quem morreu na cruz foi Simão Cireneu. O Cristo não poderia sofrer, e não sofreu. Muitos estudiosos do Novo Testamento interpretam I João 4:2 ("...Jesus Cristo veio em carne") como uma indicação de que o gnosticismo é do tipo docético. Inácio (que morreu em c.115 d.C.) escreveu mui fortemente contra este tipo de gnosticismo (Epístola aos Esmirnenses, c.110 d.C.).
O cerintianismo tira seu nome de um certo Cerinto de Alexandria, que, tendo-se mudado para Éfeso, foi um contemporâneo de João e Policarpo. Irineu apresenta as doutrinas básicas deste tipo de gnosticismo (Ad. Haereses, I, xxvi, 1): Jesus foi o filho natural de José e Maria; o Cristo, em forma de uma pomba, desceu sobre Jesus depois de seu batismo e dominou completamente seu ser; o Cristo deixou Jesus antes do sofrimen­to e Crucificação e voltou para Deus; Jesus morreu, ressuscitou e simplesmente desapareceu. Cerinto também insistia sobre a adoração no sábado e a circuncisão. Muitos estudiosos interpretam I João 5:5-9 como uma indicação de que o gnosticismo é do tipo cerintiano.
8. Escribas
1122 γραμματευς grammateusde 1121; TDNT - 1:740,127; n m
1) escrituário, escriba, esp. um servidor público, secretário, arquivista cujo ofício e
influência não é a mesma em cada estado
2) na Bíblia, pessoa versada na lei mosaica e nas sagradas escrituras, intérprete, professor.
Os escribas examinavam as questões mais difíceis e delicadas da lei; acrescentavam à
lei mosaica decisões sobre vários tipos, com a intenção de elucidar seu significado e
extensão, e faziam isto em detrimento da religião. Como o conselho de homens
experimentados na lei era necessário para o exame de causas e a solução de questões
difíceis, eles tornavam-se membros do Sinédrio; são mencionados em conexão com os
sacerdotes e anciãos do povo. Consultar um Dicionário Bíblico para mais informações a
respeito dos escribas.
3) professor religioso: tão instruído que da sua erudição e capacidade de ensinar podem
redundar benefícios para o reino dos céus 


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