Por Jaime Kemp (modificações Leonir sobre discipulado)
O sociólogo e historiador Carie Zimmerman em seu livro FAMÍLIA E CIVILIZAÇÃO
(1947), publicou suas profundas observações sobre a relação existente entre a
desintegração de várias culturas, paralelamente ao declínio da vida familiar
das mesmas. Oito características específicas no comportamento doméstico
determinam a queda de cada cultura por ele estudada:
* Casamentos que perdem sua qualidade de "sagrado" freqüentemente
terminam em divórcio.
* O significado tradicional da cerimônia do casamento é perdido;
* Proliferação do movimento feminista;
* O desrespeito público aos pais e autoridades em geral;
* O aumento da delinqüência juvenil, promiscuidade e rebelião;
* Relutância e até mesmo recusa em aceitar-se os padrões tradicionais para o
casamento e a responsabilidade familiar;
* Crescente desejo de aceitar-se o adultério;
* Interesse sempre maior por perversões sexuais. Aumento dos crimes relativos
a sexo.
Parece-nos que esse homem publicou suas profundas observações sobre a
família, não em 1947, mas na década de 90.
Certamente, Carie Zimmerman é um profeta, prevendo o que aconteceria nos 50
anos seguintes.
A família, realmente não vai bem. E todos comentam a mesma coisa.
Quando perguntam minha opinião, do porquê da decadência, ou mesmo da morte da
família, digo sem pensar muito, que o principal causador dessa situação é
Satanás, o inimigo que declarou guerra às células familiares. Caso você tenha
alguma dúvida sobre isso, dê uma olhada na lista abaixo:
* Até o final deste século, um em cada dois casamentos terminará em divórcio.
* Hoje à noite, mais de dois milhões de meninas praticarão prostituição para
sustentar alguma criança gerada fora do casamento ou algum vício.
* Mais de 50% dos adolescentes e jovens brasileiros evangélicos são
sexualmente ativos.
* 89% dos jovens brasileiros, em geral, se casarão sem ser virgens (de
acordo com uma recente pesquisa da Revista VEJA)
* 5.000.000 de abortos são praticados anualmente, dos quais, a grande
maioria é feita clandestinamente.
* Uma criança que assista duas horas de televisão por dia, até atingir
a maioridade, terá tomado contato com 15.184 piadas sobre sexo, 96.798 cenas
de nudez e mais de 163.000 tiros, além de ter presenciado mais de 130.000
assassinatos.
À luz desta situação caótica faço a você, querido pastor ou líder, uma
pergunta:
- Qual é a atual e principal preocupação tanto sua, quanto de sua igreja, a
respeito da necessidade mais urgente de vocês?
- Será sua pregação? Um salão de cultos lotado no domingo à noite? a
construção do novo prédio? A falta de compromisso financeiro dos membros da
igreja? Essas áreas também nos preocupam, porém, a célula básica da
sociedade, e da igreja, é a família e, se a família não for bem, certamente a
igreja também não irá. Devemos urgente e seriamente estudar meios criativos
para ministrar às famílias das igrejas.
A família em nossa cultura encontra-se seriamente abalada. E, a família do
pastor, também não foge à regra. Se vamos lidar com as famílias da igreja,
nós, pastores, devemos primeiramente cuidar de nossas famílias.
A Palavra de Deus ensina-nos sobre a família, e vemos nos capítulos l e 2 de
Gênesis, o registro de Deus sobre a instituição da família. Ela é essencial
na existência de uma sociedade e, como parte dela, deveríamos aprender sobre
o amor de Deus e de como nos relacionar com as outras pessoas.
A Família como Célula de Suprimento
Observando as famílias da Palavra de Deus, notamos que o ideal de uma família
assemelha-se a um pequeno universo, onde cada um deveria procurar suprir as
necessidades um do outro. Seria a maneira adequada de cuidarmos dos viúvos,
órfãos, e carentes de forma geral, suprindo não somente as necessidades
básicas mas também as emocionais e sociais. As mais variadas agências
governamentais e particulares que existem, como asilos, casas para mães
solteiras, orfanatos, etc..., têm o objetivo de fazer o papel que a família,
por incapacidade ou desinteresse, não assume.
Vemos em l Tm 5:8 que ignorar as necessidades da própria família é fortemente
condenada por Paulo: "Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e
especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé, e é pior do que o
descrente."
A Família como Campo de Treinamento
A família é o campo de treinamento onde deveríamos aprender a nos relacionar
em cada uma das outras esferas de vida. Esse conceito está claro em l Tm
5.12:
"Não repreendas ao homem idoso, antes exorta-o como a pai; aos moços,
como a irmãos; às mulheres idosas como a mães; às moças, como a irmãs, com
toda pureza."
Se, como adultos, temos dificuldades em nossos relacionamentos interpessoais,
provavelmente não aprendemos no lar o que deveríamos ter aprendido.
Como pastores e líderes do rebanho de Deus, devemos compreender a situação
pela qual a família atravessa neste final de milênio. Nosso objetivo
primordial deve ser a restauração da família, O foco deve, realmente, estar
voltado à família.
Já por 28 anos no Brasil tenho visto mudanças colossais no que diz respeito à
família em nossa cultura brasileira. Para que possamos ministrar eficazmente
à sociedade temos de compreender as mudanças pelas quais atravessamos.
Gostaria de destacar duas delas:
1. Mudança de uma nação rural para urbana - provocando à família, mais
desintegração, maior estresse, menos tempo juntos, maiores oportunidades para
tentação, etc. causando um grande sofrimento à família.
2. O desaparecimento da família tradicional - o pai deixando de ser o
único supridor do lar e cada vez mais esposas e filhos, até em idade precoce,
estão trabalhando para ajudar a suprir as necessidades financeiras. Tal
situação, além de muitas outras conseqüências, acarreta o comprometimento de
um relacionamento mais aberto e profundo. (Entre outras coisas, falta de
tempo juntos é algo sério!)
Essas duas mudanças ocasionaram na prática, um "arrastão" de
Humanismo (destronização de Deus e entronização do homem). Secularismo
(negação da existência de Deus) e Materialismo. Tornamo-nos uma sociedade que
busca obsessivamente a auto-realização, o Hedonismo (busca pelo prazer) e a
aquisição de bens.
A família, em meio a essas fustigações, tem sido jogada de um lado para o
outro e sofrido as consequências. Quantas vezes, pastor, você já ouviu frases
como esta:
- Não sinto mais nada por minha esposa. Vou procurar outra pessoa que me
supra emocional e fisicamente!
Se o homem é o centro de seu universo, então voltará somente para si suas
atenções, considerando-se o mais importante de tudo. Então, se o cônjuge
deixa de satisfazê-lo, simplesmente o troca por outro! Se a sua sede material
não pode ser suprida com o que recebe, dá um jeito, em detrimento do tempo
gasto com a própria família, mas descobre uma forma de adquirir o que deseja.
Quando Deus instituiu a família em Gênesis 2, disse: "Não é bom que o
homem esteja só." Ou seja, ele possui suas necessidades que podem ser
parcialmente supridas no contexto familiar. Se ele se fecha, tornando-se
egoísta, vivendo exclusivamente para seus interesses, acaba se isolando e
tornando-se muito só, mesmo em meio à multidões.
Podemos nos tornar melhores e mais realizados pelo complemento que recebermos
de nossos cônjuges, filhos, pais, etc.
Portanto, vejo o problema fundamental da família como a exacerbação do
egoísmo, motivado pela realização pessoal, busca dos prazeres e obsessão pelo
material, intensificados pela sociedade complicada em que vivemos. Mesmo que
seja na luta pelo simples feijão com arroz, o coração do homem, muitas vezes,
funciona da mesma maneira.
Outros problemas sérios, nas famílias de nossas igrejas, são:
1. Os meninos crescem em uma sociedade machista, sem bons modelos de como
exercer uma liderança bíblica em seus lares. Por falta de serem amados, não
aprendem a amar suas esposas e nem a suprir suas necessidades emocionais,
tendo em vista só o receber.
2. Devido ao total desconhecimento e/ ou a um mal-entendido do significado
das palavras "respeito" e "submissão" bíblicos, acrescido
ao engano do feminismo, muitas mulheres estão rejeitando a ideia de seguir a
liderança dos maridos. (E por outro lado, também há maridos que não assumem a
liderança, não deixando alternativas às esposas).
A consequência é que se encontram duas pessoas egoístas no lar, cada uma
lutando por seus próprios interesses e direitos.
Gostaria de dizer que não sou contra a mulher que trabalha fora, mas SIM,
terminantemente contra o preconceito que se ergueu em relação a mulher que
deseja ser somente esposa, mãe e dona da casa, onde as que optaram por seguir
carreira, desprezam-nas por essa escolha, fazendo com que sintam-se inferiores
(quando sei, que, muitas das mulheres que trabalham fora, se pudessem também
ficariam em casa!).
3. A falta de embasamento da geração criada pelas creches, escolinhas, babás,
empregadas, etc., resulta em jovens e adolescentes desajustados, com carências
emocionais e psicológicas.
4. O desconhecimento, por parte dos pais, de como amar os filhos, de como
incutir-lhes a autoestima e de como discipliná-los de forma bíblica e
adequada, produz os mesmos sintomas acima. Os pais podem até estar presentes,
mas é como se não estivessem.
5. O problema financeiro em um país passando por tantos planos econômicos
frustrados, agrava o problema financeiro do povo, desde o descontrole até a
fome. Os conceitos de Deus sobre finanças não são ensinados na maioria das igrejas.
6. O problema sexual, também se manifesta em duas formas. De um lado,
manifestam-se tabus e preconceitos, sem base bíblica. De outro, vemos as
influências perniciosas de uma cultura permissiva que virou as costas a Deus.
7. Casais chegando ao casamento sem saber como lidar com conflitos e resolver
problemas. Não sabem se comunicar.
8. O número crescente de separações e divórcios resultando em filhos morando
só com o pai ou só com a mãe, provocando saudades, carências e frustrações.
9. A falta de conhecimento e a ausência de um preparo adequado sobre os
princípios de Deus para o namoro e noivado, podem levar a desajustes logo nos
primeiros anos de casamento.
À luz dos problemas acima, o que nós pastores podemos fazer para restaurar as
famílias de nossas igrejas e ajudá-las na solução de seus problemas?
1. Primeiramente, devemos ser modelo para nosso rebanho e utilizar em
nossas próprias famílias os princípios bíblicos antes de passá-los a outros.
Pastor, somos seres humanos como outro qualquer, dependendo de seu problema
familiar, procure alguém para ajudá-lo. Não se encastele, achando que pode
resolver tudo sozinho.
2. Precisamos de coragem para sermos profetas, homens corajosos que apontem o
pecado, não com raiva no coração, mas com lágrimas nos olhos, buscando
solução e forças do alto.
3. Ensinar periodicamente, de maneira sistemática e organizada, os conceitos
de Deus sobre a família, de púlpito, na Escola Dominical, em Retiros, etc.
4. Providenciar ensino pré-nupcial aos casais de noivos, preparando-os às
exigências e expectativas reais sobre o casamento. Pastor, não realize
casamentos em sua igreja sem que o casal tenha passado por um curso
pré-nupcial. Essa é a melhor medicina preventiva que existe.
5. Incluir no calendário da igreja, retiros para as diversas fatias de sua
igreja, adolescentes, jovens, casais, homens, mulheres, etc. com estudos
também na área de família.
6. Discipulado— vejo que em uma sociedade que está totalmente
desestruturada, a única forma de voltarmos ao eixo é seguirmos o modelo de
Jesus. Jesus caminhou com os seu doze durante três anos, comeu, bebeu, orou,
ensinou, recebeu, deu, mostrou, chamou pra si, enviou, etc. Ele perdeu sua
vida em favor dos discípulos. Nosso propósito é levar pessoas a maturidade,
não é crescimento explosivo sem saber direito se nossos líderes são modelo. A
verdade é que estamos influenciando de qualquer jeito, então se temos uma
liderança imatura, teremos uma igreja bebê onde o pastor é o administrador do
berçário. Temos que parar e ter tempo para as pessoas. Discipulado é vida na
vida, não mais um programa da igreja.
Pastor amigo,
- Até onde você está comprometido em alcançar e restaurar as famílias de sua
igreja? Ou melhor, talvez a pergunta mais adequada seja:
- Até que ponto você está disposto a investir mais em sua própria família?
Que Deus lhe dê a graça para tanto.
Jaime Kemp é o fundador e editor da REVISTA LAR CRISTÃO voltada à família
evangélica brasileira. Ministra os cursos LAR CRISTÃO e NAMORO, NOIVADO,
CASAMENTO E SEXO em igrejas por todo o país.
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a contemporaneidade é a culpada por tds as mazelas . este é o discurso de muitos púlpitos , o nosso inimigo tem nome , porem somos responsáveis por nossas atitudes ( o prof. comentou em sala ) sobre o livro a arte da guerra : mais ou menos assim se conheço meu inimigo 50% dá para fazer guerra , se conheço menos que isso não entro na guerra . pastores que estão descaradamente casando 2, 3, 4 ... como é que podemos ter famílias sadias se o alimento é podre . louvo ao senhor por existir remanescente fieis que pregam a verdade , que mostram a verdade o casamento é realmente indissolúvel , porém quantos pastores com seus corações duros que nao entendem está ordem divina.
ResponderExcluirCom certeza nós temos um grande parcela de culpa nesta história... precisamos de uma reforma!!!!!
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