Segue Introdução ao Estudo do Novo Testamento
Paz
Broadus David Hale
1
O FUNDO
HISTÓRICO
DO NOVO
TESTAMENTO
Um estudo adequado da Bíblia não pode ser feito sem uma
consciência aguda das diferenças nas atitudes e estruturas políticas, culturais
e religiosas que existem entre o Velho e o Novo Testamentos. Suporse-ia,
logicamente, certo desenvolvimento durante os 400 anos que decorreram entre os
dois livros; mas as várias mudanças observáveis devem ser explicadas. É
necessário, portanto, voltar-se, na história, até o tempo entre os dois
Testamentos, a fim de se apreciar mais completamente a situação pressuposta no
Novo Testamento.
Algumas coisas que são aceitas como verdadeiras, no Novo
Testamento, para as quais é necessária uma explicação, são as seguintes:
1. A situação política (domínio romano, as
divisões da Palestina).
2. A dispersão judaica (judeus em cada cidade
principal do Império Romano).
3. Uma sociedade urbana.
4. A língua (grego e aramaico; hebraico limitado
aos eruditos).
5. Exclusivismo judaico.
6. Ênfase sobre a Tora.
7. O sinédrio.
8. A sinagoga e a escola.
9. Seitas religioso-políticas
(saduceus, fariseus, essênios, escribas, zelotes, herodianos, zadoqueus).
10. Literatura extra-canônica
(apócrifos e pseudo-epígrafos).
11. Tradição oral.
12. Fim da idolatria.
13. Doutrina explícita da ressurreição.
14. Doutrinas de anjos, demônios, etc.
15. Publicanos e pecadores (Ame-ha-Aretz).
16. Filosofia judaico-alexandrina.
17. Interesse no apocalíptico.
18. Samaritanos.
19. Monogamia estrita.
20. Sacerdócio corrupto.
21. Messianismo político.
A abordagem a ser feita, neste estudo do fundo histórico,
será ao longo de três linhas: a história política, as instituições e as seitas
religiosas, e a literatura do período.
HISTÓRIA
O Velho Testamento encerra-se com os filhos de Israel sob
a dominação dos persas. No Novo Testamento, a Palestina é subserviente aos
romanos. A história política que denota esta mudança incide em quatro partes: o
período persa, o período grego, o período macabeu ou hasmoneu (o período da
independência) e o período romano.
O PERÍODO
PERSA (538-331 a.C.)
O reino do norte de Israel havia sido conquistado pelos
assírios em 722 a.C. sob a liderança de Sargão. Seus habitantes foram então
deportados para a Assíria (II Reis 17:6) e para outras terras conquistadas. Por
sua vez, os povos de outras nações conquistadas foram então importados, para
povoarem a área conhecida como Samária. A política dos assírios foi tentar
destruir todo vestígio de linhagem nacional e, assim, unir todos os povos num
só.
Em 612 a.C., os babilônios, liderados por Nabopolassar,
destruíram Nínive e conquistaram os assírios. O reino do sul, Judá, caiu nas
mãos dos babilônios, sob Nabucodonozor, em 605 a.C., e alguns da família real e
líderes abastados foram levados cativos para a Babilônia. Entre estes, estavam
Daniel e os três jovens de Daniel 1. Uma curta rebelião em 597 a.C. foi
suprimida, servindo de pretexto para outra deportação (incluindo Ezequiel). Uma
revolta ainda posterior, conduzida por Zedequias, foi suprimida em 587 a.C.,
com a destruição completa do Templo e deportação de todos, exceto algumas
poucas pessoas pobres, para evitar que o país se tornasse um deserto.
O "cativeiro babilônico" não foi tanto um cativeiro
como um exílio. O propósito das deportações não foi tanto destruir
as linhagens nacionais (como foi a política assíria), mas punir aqueles que se
opunham ao governo. Permitiu-se aos cativos uma parcela de liberdade, e eles
podiam eleger seus próprios líderes em suas comunidades. Muitos desses exilados
se tornaram líderes no governo babilônico (Dan. 1:20; 2:48,49; 3:30; etc.), e
bem poderosos. Esses exilados estavam começando a encontrar seu ponto forte
real nos campos da indústria e do comércio. A tendência que se iniciou na
Babilônia tornou-se mais desenvolvida nas gerações posteriores, até que,
durante os tempos do Novo Testamento, as comunidades judaicas eram
primariamente urbanas e comerciais, em vez do meio agrícola e pastoral
do Velho Testamento.
Durante esse período o nome judeus entrou em uso.
Ele denotava o povo da nação conquistada de Judá. Os outros termos usados no
Velho Testamento para referência aos descendentes de Abraão e Isaque
tornaram-se menos usados, e o termo judeus entrou em uso quase que
exclusivamente.
Estando tão longe de Jerusalém, e sem ter o Templo de
Salomão e o Tabernáculo para cultuar, o povo exigiu dos sacerdotes um modo
temporário de retenção do conhecimento de Jeová. Assim, surgiram os grupos de
adoradores que se reuniam regularmente para ouvir a lei lida, uma palavra de
exortação ou explicação, o cântico de salmos e a recitação das orações. Esses
grupos formaram os primórdios da instituição que deveria posteriormente ser
conhecida com o nome grego de "sinagoga" ("reunidos
juntos"). A intenção, a princípio, era que a sinagoga fosse apenas uma
coisa temporária, até que a volta a Jerusalém pudesse ser feita e o Templo,
reconstruído. Contudo, a importância da sinagoga como força coesiva na
unificação dos judeus numa comunidade foi gradualmente reconhecida e aceita
universalmente pelos líderes religiosos. Ela não somente era o meio para ensino
da lei e dos profetas, mas também um meio para ajudar os judeus a reterem sua
identidade nacional.
Foi durante essa época e através desses grupos que
Ezequiel realizou seu maravilhoso ministério. De seu trabalho e profecias, os
cativos foram ensinados que a calamidade veio sobre eles por causa da
idolatria. Nas sinagogas, isso foi ensinado à tamanha extensão que a idolatria
foi abandonada e não mais era um grande problema para os judeus.
Na sinagoga surgiu a importante função de mestre. Homens
com percepções excepcionais na lei foram recrutados para liderarem nessa
importante posição. O mestre podia, ou não, ter sido da linhagem sacerdotal. O
ensino regular da Torah levou a uma ênfase renovada sobre o sábado, a
circuncisão e o jejum. Algumas influências sutis das religiões da Babilônia e
da Pérsia foram introduzidas nas instruções religiosas dadas pela sinagoga.
Estas podem ser vistas nas doutrinas em desenvolvimento acerca da vida depois
da morte, angelologia e demonologia.
Ciro, tendo unido as nações da Média, Lídia e Pérsia,
capturou a Babilônia em 538 a.C. e confirmou muitos dos judeus em suas posições
,de autoridade governamental (ver Dan. 6:1 e ss.). A política oficial dos
persas era permitir o povo deslocado voltar para as terras de seus pais. Por
causa dessa política, a restauração de Judá foi possível. Contudo, a maioria
dos judeus estava feliz na Babilônia e não desejava voltar. Cerca de 50.000
retornaram, sob a liderança de três homens, em três épocas diferentes. Os que
ficaram os apoiaram com doações.
Zorobabel
um príncipe da linhagem real de Davi, conduziu a primeira volta em 535 a.C.
Após alguma consolidação do poder, foi iniciada a reconstrução do Templo. Sob a
pregação de Ageu e Zacarias, o Templo de Zorobabel foi terminado e dedicado em
516 a.C. Inferior em esplendor ao de Salomão, esse Templo existiu até que
Herodes, o Grande, iniciou a obra de um maior, em 19 a.C.
Os
adversários da reconstrução do Templo eram uma combinação daqueles que foram
deixados após as deportações sob os assírios e babilônios — os povos trazidos
para povoar o país — e os inimigos anteriores dos dois reinos de Israel e Judá,
que, em sua ausência, tiveram oportunidade de estender seus limites de
influência. Os descendentes do casamento misto desses grupos foram denominados
"samaritanos". Era lógico que esse povo ia opor-se à volta e
restauração dos judeus (ver Esd. 4:1 e ss.).
Uma
segunda volta ocorreu sob Esdras, em 485 a.C. Uma terceira foi liderada por
Neemias, em 445 a.C. Começando com Esdras e continuando através do trabalho de
Neemias e Malaquias, foram iniciadas reformas, que deveriam ter resultados de
longo alcance. Uma vez que os persas não iriam tolerar a restauração da realeza
davídica, o oficial mais alto, politicamente era o sumo sacerdote. Esse homem
respondia, de uma maneira geral, ao governador persa. Esse ofício resultou
eventualmente em "reis-sacerdotes". Igualmente, era necessário obter
a aprovação do governador persa para eleger-se o sumo sacerdote.
No
final do Velho Testamento, Eliasibe era o sumo sacerdote (445-430 a.C.). Seu
sucessor, Jeoiada (430-405 a.C.), teve dois filhos, Jonatã e Josué. Próximo à
morte dos pais, ambos os filhos disputaram abertamente pelo oficio. O
governador persa, Bagoses, foi persuadido a aprovar Josué, embora Jonatã fosse
o herdeiro legal, de acordo com a lei de Moisés. Como resultado, Josué foi
morto por seu irmão entre os muros do templo. O governador persa indignou-se e
se moveu contra Jerusalém. Contudo, ele ficou satisfeito pela arrecadação de um
imposto contra os sacrifícios do Templo durante os sete anos seguintes.
Jonatâ, sumo sacerdote de 405-359 a.C, também teve dois
filhos (Jadua e Manasses). Jadua foi o sucessor no sumo sacerdócio e
distinguiu-se por guardar com zelo as reformas e instituições, conforme
restauradas por Esdras e Neemias. Não podendo exercer o ofício ocupado por seu
irmão, Manassés casou-se com a filha de Sambalate, o horonita. Esse tipo de
casamento era fortemente condenado por todos os judeus fiéis. Removido do
sacerdócio, Manassés viu seu sogro desejando construir um templo rival no monte
Gerizim. Manassés seria o sumo sacerdote e todos os samaritanos iriam adorar
lá. Muitos judeus renegados também adorariam ali. Dessa maneira o cisma entre
os judeus e os samaritanos foi alargado.
Durante
todo o período persa, os judeus foram excepcionais em sua lealdade ao rei
persa. Isto pode ter ocorrido porque havia mais judeus na Babilônia do que na
Palestina. Somente cerca de 50.000 judeus haviam voltado à sua terra natal
durante esses duzentos anos. Muitos dos judeus tinham altas posições de
autoridade e alguns desfrutavam de grande riqueza. Mesmo uma judia tornou-se a
esposa do rei (Est. 2). Esses judeus que estavam na Babilônia exerceram uma
influência muito grande sobre seus patrícios na Palestina, através de seus
poderes políticos e suas contribuições financeiras.
O PERÍODO GREGO (331-167 a.C.)
Em
336 a.C., quando Jadua era o sumo sacerdote, Filipe II da Macedônia foi
assassinado quando fazia planos para invadir a Pérsia. Seu filho, Alexandre,
sucedeu-o com a idade de 20 anos. Ele uniu toda a Macedônia e a Grécia e, em
334 a.C., atravessou o Helesponto, para libertar as colônias gregas da Ásia
Menor. Com apenas 35.000 homens, Alexandre derrotou três generais de Dario III,
em Granico, em 334 a.C., após passar uma noite sem dormir e ter tido uma visão
de um ancião, que o aconselhava a continuar sua luta contra os persas. No ano
seguinte, 333 a.C., Alexandre outra vez derrotou um grande exército em Issus.
Somente após esta vitória Alexandre se pôs a sonhar com a conquista do mundo.
Atravessando
ele os montes Tauros, distrito após distrito caiu diante do exército grego.
Josefo tem uma interessante história do encontro de Alexandre com Jadua.
Alexandre disse que Jadua era o homem do sonho. Por esta razão, os judeus foram
tratados com respeito e obtiveram muitas das mesmas vantagens dos gregos.
Parece que Manassés também recebeu a aprovação de Alexandre na construção do
templo no monte Gerizim. Foi a política de Alexandre fazer amigos dos
conquistados sempre, quando e onde possível.
Depois de conquistar o Egito, Alexandre partiu para o
leste, contra Dario. Em Guagámela (Arbela), em 4 de outubro de 331 a.C.,
Alexandre derrotou o exército inteiro dos persas e Dario III foi morto
(provavelmente por um de seus próprios homens). Alexandre quis ir mais para o
leste, mas seus generais e exército recusaram-se a cruzar o rio Indo.
Estabelecendo-se na Babilônia, Alexandre organizou seu império em satrápias.
Cada uma destas era uma colônia de gregos, geralmente constituídade seus
soldados. Através deste tipo de colonização e inter-relação com os nativos, a
cultura e a língua gregas começaram a espalhar-se através do Império.
Alexandre
morreu em 323 a.C., com a idade de 32 anos. Sua maior consecução não é
considerada ser seu gênio militar (por grande que fosse). Ele é lembrado
principalmente por sua qualidade de estadista. Ele é responsável pela fusão do
Ocidente com o Oriente. Derrubando a parede que estava entre o Oriente e o
Ocidente, ele foi capaz de abrir as portas do comércio. Através da propagação
do idioma grego, a língua franca, o mundo capacitou-se para a comunicação. A
cultura grega quebrou as barreiras raciais, sociais e nacionais. A miscigenação
das raças estimulou um espírito de cosmopolitanismo, um sincretismo religioso e
um interesse no indivíduo. A duradoura contribuição de Alexandre para a
civilização mundial dificilmente pode ser sobestimada ou imaginada.
1. Os Ptolomeus e o Egito (321-198 a.C.) —
Depois da morte de Alexandre, o Império caiu nas mãos de seis de seus generais.
Laomedon tomou posse da Síria, Ptolomeu Lagus (Soter) recebeu o Egito, e a
Babilônia caiu nas mãos de Seleuco. Os outros três tinham a ver com os judeus.
Dentro de dois anos, Ptolomeu e Seleuco derrotaram Laomedon, e os dois generais
dividiram o território da Síria. A Palestina ficou sob o controle de Ptolomeu.
Alexandria, planejada por Alexandre e seu
arquiteto, tornou-se a capital e logo o centro liderante da cultura grega.
Soter iniciou uma biblioteca que, na época de seu filho Ptolomeu Filadelfo
(285-277 a.C.), tornou-se a maior do mundo antigo. Desejando ter uma cópia, em
sua biblioteca, de cada livro conhecido (traduzido para o grego), Filadelfo
solicitou o sumo sacerdote Eleazar para providenciar a tradução das Escrituras
hebraicas. A tradução resultante, a Septuaginta (LXX), tornou-se as Escrituras
para a comunidade judaica de fala grega.
Durante
esse período, a Palestina estava experimentando uma helenização gradual e
pacífica. Ela foi exposta à atração do modo de vida grega na língua, na arte,
no comércio, na liberdade e na alegria de seus festivais e jogos. Houve uma
dispersão voluntária pelo mundo grego afora. A política dos Ptolomeus era
conceder aos judeus direitos civis iguais aos dos macedônios.
2. Os
Selêucidas e a Síria (198-167 a.C.) — Durante todo o tempo da dominação
ptolomaica na Palestina, os reis selêucidas da Síria estiveram olhando
gananciosamente a área rica em ferro e outros metais. Os judeus da Palestina
eram um "futebol" político entre os dois países poderosos. Devido a
casamentos mistos e complicações políticas, Antíoco III (o Grande) marchou contra Ptolomeu Epifânio, em 198 a.C. Na
Batalha de Panéias, o exército egípcio, sob a liderança de Escopas, foi
derrotado. Os judeus parece terem recebido Antíoco de braços abertos.
Em
192 a.C., ocorreu um evento que iria ter implicações políticas de longo
alcance. As duas grandes ligas gregas, sempre em guerra uma com a outra,
convidaram os sírios e os romanos a tomarem partido. Este é o primeiro
aparecimento dos romanos como potência mundial. Em 190 a.C., na Batalha de
Magnésia (entre Sardes e Esmirna), os romanos, sob a liderança de Cornélio
Cipião (Scipio Asiaticus), derrotaram Antíoco. Ele teve que pagar uma
indenização tremenda, entregar sua marinha e elefantes de guerra, enviar um
filho como refém para Roma, desistir de todos, exceto dez, de seus navios
mercantes (e não construir mais),e não devia fazer guerra contra nenhum dos
aliados de Roma. Ao tentar levantar fundos para a dívida, ele recorreu ao roubo
dos templos de seu Império. Em uma de suas viagens, na parte oriental de seu
território, os guardas e sacerdotes do templo o mataram (187 a.C.).
Seleuco
IV herdou o trono e a grande dívida de seu pai. Ele seguiu uma política mal
orientada em seu tratamento com os judeus. Como resultado, seu tesoureiro,
Heliodoro, assassinou-o em 175 a.C. e tentou tomar o trono. Contudo, o irmão de
Seleuco, que havia sido enviado a Roma como refém, retornou a Antioquia a tempo
de se apoderar do trono.
Antíoco
IV (Epifânio) passara doze anos em Roma como refém. Ele foi saturado com a
cultura grega e o legalismo romano. Ao voltar, determinou unificar o Império,
estabelecendo o politeísmo grego como religião estatal. Ele não iria tolerar
nenhuma oposição aos seus planos. O único curso de ação, para ele, era forçar o
povo, por todo o seu domínio, a aceitar a cultura grega. Através do sumo
sacerdócio corrupto, em Jerusalém, os judeus mais influentes a princípio
estavam bem simpáticos à helenização.
Sob
o pretexto de resolver um problema de casamento (a irmã era casada com
Ptolomeu), Antíoco invadiu o Egito em 169-8 a.C. Jerusalém soube que ele fora
morto e a cidade ardeu de exultação. Houve também alguma disputa sobre duas
facções, que tentavam conseguir o sumo sacerdócio. Antíoco soube dessa disputa
e, pensando que a Palestina estava em revolta contra ele, voltou e, entrando em
Jerusalém, matou 40.000 e roubou o santuário. Retornando ao Egito, para
prosseguir sua conquista ali, ele encontrou Laenus, o embaixador romano. O
Egito era um aliado de Roma.
Forçado a deixar o Egito em vergonha e ignomínia,
Antíoco voltou para casa através da Palestina. Ele culpou os judeus por sua
falha em tomar o Egito. Mais uma vez entrando em Jerusalém, ele sacrificou um
porco no altar, um altar dedicado a Zeus foi colocado no Templo e as cópias da
lei foram confiscadas e destruídas. A pena por se ter uma cópia da lei e
praticar-se a circuncisão era a morte. Qualquer observância do sábado foi
declarada ilegal. No mês de dezembro de 168 a.C.,o sacrifício do Templo cessou.
A "abominação da desolação" referida em Daniel 9:27 ocorrera.
O PERÍODO MACABEU OU HASMONEU (167-63 a.C.)
A
princípio a resistência dos judeus foi somente passiva. A medida que a
perseguição aumentava em intensidade e os fogos da adoração de Deus queimavam
cada vez mais baixo, iniciou-se a resistência ativa. A liderança para a
organização da resistência ativa começou com um sacerdote, na cidade de Modin,
situada entre Jerusalém e Jope. Matatias era da linhagem de um certo Asamoneu
ou Chasmon (Hasmon). É deste último nome que a família tirou seu nome,
hasmoneu. Estando avançado em idade, Matatias teve cinco filhos: João, Simão,
Judas, Eleazar e Jonatã. Judeus de toda a Palestina, insatisfeitos com as
políticas de helenização de Antíoco Epifânio e o sacerdócio corrupto, vieram a
responder à chamada às armas. Muito antes, os hasidim ou assideus (zelotes da
lei) uniram-se a Matatias. Após um ano e a morte do pai, a liderança do
exército passou a Judas, Simão servindo como conselheiro principal. Judas
provou ser um general capaz e levou o nome de Macabeu ("Martelador").
Depois de uma série de brilhantes vitórias, ele entrou em Jerusalém e rededicou
o Templo, em 25 de dezembro de 165 a.C.
Não
contente com simplesmente uma forma de liberdade religiosa em Jerusalém, Judas
quis conseguir a liberdade política igualmente. Seus seguidores devotos (os
hasidim), contudo, se opuseram a este plano ambicioso e o abandonaram. Com
apenas 600 em seu exército, Judas foi morto na Batalha de Elasa, em 161 a.C.
Muitos judeus sentiram-se ofendidos quando Judas apelara a Roma por ajuda (I
Mac. 8:17-32).
Jonatã,
irmão de Judas, tornou-se o líder da revolta, e, numa série de brilhantes
manobras políticas, foi designado sumo sacerdote, e os judeus receberam
liberdade religiosa. Mediante a morte de Jonatã, Simão, o filho mais velho de
Matatias, assumiu a liderança e o sumo sacerdócio. Em 142 a.C., a astuta
política diplomática de Simão foi recompensada com independência política
completa.
De 142 a.C. a 63 a.C., a nação judaica esteve mais uma
vez independente. Os príncipes que se seguiram a João Hircano I (filho de
Simão) não tinham o espírito de patriotismo corajoso e auto-sacrificial que
havia marcado os antigos macabeus, e eles se degeneraram em procuradores de
posição e intriga política dentro da família. Irmão contra irmão, filho contra
mãe, até no final de uma disputa, foi apelado à força romana e, com a
intervenção dos romanos, a nação judaica tornou-se uma província romana.
O PERÍODO ROMANO (63 a.C. — 135 d.C.)
1. Sob Herodes, o Grande (63-4 a.C.) — Com a morte da rainha Alexandra Salomé,
em 69 a.C., tanto o poder político como o religioso passaram para as mãos de um
filho muito brando, João Hircano II. Seu irmão, Aristóbulo II, era muito
ambicioso. Hircano foi persuadido a desistir do trono, mas reteve o ofício de
sumo sacerdote. Aristóbulo logo cobiçou essa posição também. Antípater, um
idumeu e conselheiro de Hircano, viu uma oportunidade de jogar um irmão contra
o outro. Tomando o partido do irmão mais fraco, ele persuadiu Hircano que sua
vida estava em perigo, e, assim, foi feito apelo a Pompeu, general romano. Em
63 a.C., Pompeu entrou em Jerusalém e decidiu em favor de Hircano. Contudo, a
Judéia ficou sob o controle romano, e Antípater foi designado procurador, e Hircano,
como sumo sacerdote. Antípater designou seu filho Fasael, governador da Judéia,
e seu filho Herodes, governador da Galiléia.
Após
a morte de Antípater e Fasael, Herodes recebeu de Antônio e Otávio, em 40 a.C.,
o título de "Rei dos Judeus". A nação da Judéia, contudo, ainda era
uma parte da província romana da Síria. Hircano II permaneceu como sumo
sacerdote por um certo tempo, mas finalmente foi despedido (depois que Herodes
casou-se com sua neta Mariamne), e este ofício tornou-se outra vez sujeito ao
maior arrematador.
Herodes,
o Grande, foi um intermediário eficaz entre os romanos e os judeus. Embora os
judeus o odiassem, por ser um estranho e estar sob os romanos, Herodes
persuadiu estes a concederem vários privilégios àqueles. Ele manteve a nação em
paz com Roma. Tentando ganhar o apoio dos judeus, Herodes entrou num ambicioso
programa de construção, eliminou os bandos errantes de salteadores, e, em
geral, trouxe prosperidade à Judéia. Ele era, contudo, um homem muito ciumento
e cheio de suspeitas. Um de seus maiores empreendimentos foi a reconstrução do
Templo, iniciada em 19 a.C., e ainda estava em progresso 46 anos mais tarde
(João 2:20).
A
vida familiar de Herodes foi muito infeliz e cheia de intrigas entre suas dez
esposas, seus filhos e seus próprios irmãos e irmãs. Quando ele morreu, havia
feito e mudado sua vontade várias vezes. Alguns de seus filhos ele matou, bem
como a sua amada Mariamne. Foi durante seu reinado e por causa de preocupação
ciumenta por sua posição que ele ordenou a matança das crianças ao redor de
Belém, após o nascimento de Jesus.
2. Sob os
Procuradores (4 a.C. — 70 d.C.) — Como seus herdeiros não puderam
controlar a Judéia, esta passou para o governo romano direto, através dos
odiados procuradores. De 6 a 66 d.C., não menos que 14 homens foram
enviados à Judéia para governar os negócios. Geralmente esses homens eram
aqueles com quem o imperador romano tinha uma dívida. Era uma posição
lucrativa, e esses homens estavam mais interessados em se tornarem ricos do que
em serem bons governadores. De tempos em tempos os judeus expressavam sua
insatisfação e os choques inevitáveis surgiam. Esses grupos reacionários
aumentaram em número a tal ponto, e os procuradores se tornaram tão implacáveis
em suas políticas.que a revolta aberta irrompeu-se em 66 d.C. Este foi o começo
da Guerra Judaico-Romana de 66-70 d.C. Jerusalém foi tomada pelos romanos, sob
a liderança de Tito, o Templo destruído, e o sacrifício ordenado por Moisés foi
cessado até o dia presente. A nação judaica cessou de ser uma nação, e o
judaísmo sofreu um golpe tremendo.
DESENVOLVIMENTOS
RELIGIOSOS
O
Novo Testamento demonstra uma marcante diferença na atmosfera religiosa, em
comparação com a do Velho Testamento. Isto é visto nas várias instituições,
grupos e pela ênfase na tradição oral.
INSTITUIÇÕES
1 A Sinagoga — Embora a tradição judaica afirme que a
sinagoga teve origem mosaica, ela parece ter começado a existir durante o
período babilônico ou persa. Até o tempo do exílio, a adoração e a instrução religiosa
judaicas centralizam-se em torno do Tabernáculo ou do Templo de Salomão. Na
Babilônia, a instrução religiosa foi prosseguida pelos sacerdotes e levitas,
numa tentativa de conservar o conhecimento de Jeová vivo. Esses locais de
adoração e instrução tornaram-se conhecidos como "sinagogas"; a
palavra é grega e significa "reunidos juntos". O propósito nunca
incluía a idéia de se oferecer sacrifícios, o que poderia ser feito somente no
Tabernáculo ou no Templo. Alguns estudiosos acham que os fariseus usavam a
sinagoga como um meio de obter a lealdade dos saduceus e adorarem no Templo
(T.C. Smith, The Religious and Cultural Background of the New Testament, p.
10).
A
administração da sinagoga cabia a um grupo de anciãos (Zeqenim ou arxontej),um dos quais foi eleito seu presidente( arxhsunagogo/j ou Sheliach). Era necessário ter-se
pelo menos dez homens numa comunidade antes que uma sinagoga pudesse ser
organizada. A função do presidente era manter a ordem durante as reuniões e
escolher o orador para o culto do sábado. Um auxiliar (Chazzam) era
designado para estar a cargo da construção e do manuseio das Escrituras. Parece
que gradualmente a ele foi transferida a responsabilidade do ensino.
A adoração na sinagoga foi desenvolvida de acordo com o
modelo do culto do Templo e nas mesmas horas, no sábado: a terceira, a sexta e
a nona. Posteriormente os cultos eram realizados na segunda e terça, bem como
no sábado. As pessoas entravam, curvando-se para a parede do lado ocidental,
onde as Escrituras estavam contidas num gabinete chamado a "arca".
Fazia-se uma oração e depois eram cantados salmos. O auxiliar abria a
"arca" e reverentemente removia as Escrituras, entregando-as ao
presidente. Em seguida à leitura das Escrituras, durante a qual todos ficavam
de pé, o presidente sentava-se e iniciava uma exortação, à luz da passagem
lida. Freqüentemente, ele pedia, a algum visitante ilustre, para fazer essa
"pregação". Depois as Escrituras eram recolocadas na
"arca", em seguida sendo proferidos salmos e orações, e depois uma
bênção era pronunciada.
Por
toda a diáspora judaica, sempre que havia homens suficientes, eram instituídas
sinagogas. Muitas cidades tinham várias sinagogas, para dar conta do vasto
número de judeus naquelas áreas. Estima-se que Jerusalém, durante a época do
Novo Testamento, tinha cerca de 500. Por esta razão, os missionários cristãos
puderam ter acesso à maior parte do Império Romano. Eles, especialmente Paulo,
iniciavam seu trabalho, sempre que possível, dentro da comunidade judaica e da
sinagoga.
2. O Templo — Com o retorno do primeiro
grupo de exilados, foi iniciado o trabalho da construção do Templo. Na
realidade, este foi o propósito primordial para alguns que retornaram. Os que
permaneceram na Babilônia deram apoio financeiro para o retorno, a fim de que o
Templo fosse construído. Sob a pregação de Ageu e Zacarias, o Templo (conhecido
como o Templo de Zorobabel) foi terminado e dedicado em 516 a.C. Com alguns
poucos acréscimos, para aumentar as áreas de reunião, o Templo de Zorobabel durou
até a época de Herodes, o Grande. Tentando obter o favor dos judeus, Herodes
iniciou a construção de um templo que iria exceder em beleza o de Salomão. Com
a construção iniciada em 19 a.C., o pórtico, o lugar santo e o santo dos santos
foram terminados em um ano e meio (ver Josefo, Antigüidades dos Judeus —
xv. 11.6), mas a estrutura inteira não foi terminada até 65 d.C., cinco anos
antes de sua destruição pelas legiões romanas, na Guerra Judaico-Romana de
66-70. Foi nesse Templo inacabado que, segundo João, Jesus fez tantos milagres
e deu ao mundo tantos ditos maravilhosos.
3. O Sinédrio —
Quando Esdras e Neemias trabalhavam em Jerusalém, eles fizeram o povo fazer
pacto de que iria viver por um código externo de regras baseadas, diziam eles,
na lei de Moisés. Quando Esdras e Neemias morreram, esta responsabilidade de
instrução passou a um grupo de pessoas denominadas sopherim ou a
"Grande Sinagoga". Este grupo durou cerca de 400 a 200 a.C. Este
grupo foi o precursor do sinédrio. Seus sucessores, como mestres da lei, foram
os zugotes (200 a.C. — 10 d.C.), que, por sua vez, foram sucedidos pelos
tanains (10 a 200 d.C.) e pelos amorains (220-500 d.C.).
Foi para o final da época da "Grande Sinagoga"
que o termo sinédrion ( sune/drion ) entrou em uso. Ele executava
a função da suprema corte dos judeus, sendo o sumo sacerdote o presidente. A
tradição remonta suas origens ao conselho mencionado em Números 16:16. É
verdade que, na história de Israel, os anciãos funcionaram como os corpos
judiciários, legislativo e executivo da nação. Houve períodos de grande
influência e poder, bem como períodos de quase completa sujeição ao poder
dominante. Sob Herodes, o Grande, o sinédrio esteve sem força; mas, no tempo de
Jesus, o sinédrio exerceu grande autoridade, excetuando-se-lhe apenas aquelas
questões que envolveriam a política e jurisdição romanas. Ele poderia passar a
sentença de morte, mas somente com a aprovação do governador romano a sentença
poderia ser executada.
O
conselho tinha setenta e um membros (pelo menos), encabeçados pelo sumo
sacerdote. A maior parte dos membros era da linha sacerdotal e, portanto, do
partido saduceu. Foi arranjado lugar, contudo, para fariseus abastados e bem
conhecidos, especialmente os grandes rabis. A partir da tradição rabínica, parece
que este corpo tinha o poder de legislar regras de conduta para todos os
judeus, em todo lugar. Por causa de seu prestígio, suas decisões eram honradas
por toda a dispersão judaica.
GRUPOS RELIGIOSOS
O
Novo Testamento observa a presença de partidos religiosos que eram
desconhecidos no Velho Testamento. A fonte principal de informação é encontrada
nas obras de Flávio Josefo. Em dois de seus livros, As Guerras dos Judeus (II,
viii, 1-4) e As Antigüidades dos Judeus (XIII, v. 9), ele escreve acerca
de quatro desses partidos: fariseus, saduceus, zelotes e essênios. Para nossos
propósitos, os herodianos e os zadoqueus devem ser acrescentados. Os
samaritanos já foram mencionados.
1.
Fariseus — O grupo maior e mais importante é o chamado os fariseus. A palavra
em si significa "separatistas", tendo sido, provavelmente, aplicada
como expressão de escárnio aos oponentes. Eles fizeram seu primeiro
aparecimento definido como um grupo com este nome durante a época de João
Hircano I. Alguns estudiosos dizem que o termo foi pela primeira vez usado
quando alguns judeus piedosos "se separaram" de Judas Macabeu, depois
de 165 a.C. É mais provável que eles foram os sucessores dos
"hasidins", que se haviam empenhado em "separar-se" do pecado,
e na "separação" (interpretação) das Escrituras, durante as reformas
de Esdras e Neemias.
Seja qual for sua origem, os fariseus foram o resultado
final do movimento que teve seus primórdios com Esdras, intensificado pelos hasidins,
sob os sírios e romanos. Eles representam aquela tendência, no judaísmo,
que sempre reagiu contra dominadores estrangeiros, mantendo o exclusivismo
judaico e a lealdade à tradição dos pais. Pouco se interessavam no poder
político, mas se tornaram os mentores políticos de Israel. Eles tinham maior
controle sobre o povo do que os saduceus, que eram mais abastados e
politicamente poderosos. Controlavam a sinagoga, e só eles sobreviveram à
Guerra Judaico-Romana de 66-70.
Devido
à sua profunda reverência para com os ideais nacionais e religiosos judaicos, e
devoção aos mesmos, os fariseus se opuseram à introdução das idéias gregas, e
não deixou de ser natural que se tornassem o partido reacionário. Para eles, as
coisas velhas eram as únicas coisas boas. Num desejo sincero de tornar a lei
praticável dentro do mundo greco-romano em mudança, os fariseus aderiram ao
sistema da tradição dos pais. Começando com as Escrituras, eram feitas
interpretações para se ajustar uma situação existente ou combater um erro em teologia.
Nas tentativas de responder a problemas levantados por religiões intrusas,
muitas idéias dormentes no Velho Testamento foram desenvolvidas e aumentadas.
Entre essas doutrinas desenvolvidas durante esses 400 anos estão a ressurreição
dos mortos, os demônios, os anjos e a esperança messiânica.
Para
o fariseu, a tradição oral suplantou a lei. Este era o principal ponto em que
divergiam dos saduceus, que não viam nenhuma necessidade de alterar-se a lei.
Os fariseus diziam que as finas distinções das tradições orais eram para
facilitar o cumprimento da lei sob novas condições e tornar virtualmente
impossível pecar-se. Eles também colocavam uma forte ênfase sobre a providência
divina nos assuntos do homem.
2. Saduceus — Embora a origem da seita
esteja perdida na obscuridade, o nome pode ter-se derivado de um certo Zadoque,
que sucedeu Abiatar como sumo sacerdote durante os dias de Salomão. Pode ter
vindo da palavra hebraica "zoddikim", que significa "os
justos". Os saduceus gabavam-se de sua fidelidade à letra da lei mosaica,
em contradistinção à tradição oral. Este era o partido da aristocracia e dos
sacerdotes abastados. Eles controlavam o sinédrio e qualquer resquício de poder
político que restava. Eram os colaboracionistas, a tendência que favorecia o
poder estrangeiro e que se alinhava com ele pelo poder. Também controlavam o
templo. O sumo sacerdote era sempre o líder deste grupo. Era um grupo fechado e
não procurava prosélitos, como o faziam os fariseus.
Teologicamente
conservadores (diziam),limitavam o cânon à Torah ou Pentateuco. Rejeitavam as
doutrinas da ressurreição, demônios, anjos, espíritos, e advogavam a vontade
livre, em lugar da providência divina. Este grupo não sobreviveu à Guerra
Judaico-Romana de 66-70.
3. Zelotes —
Os zelotes representavam o desenvolvimento na extrema esquerda entre os
fariseus. Estavam interessados na independência da nação e sua autonomia, ao
ponto de negligenciarem toda outra preocupação. Segundo Josefo, o fundador foi
Judas de Gamala, que iniciou a revolta sobre o censo da taxação, em 6 d.C. Seu
alvo era sacudir o jugo romano e anunciar o reino messiânico. Eles precipitaram
a revolta em 66 d.C, que levou à destruição de Jerusalém em 70. Simão, o
zelote, foi um dos apóstolos.
4. Essênios — Estes representavam o
desenvolvimento na extrema direita entre os fariseus. Eram uma ordem distinta,
na sociedade judaica, mais que uma seita dentro dela. Sendo o elemento mais
conservador dos fariseus, eles enfatizavam a observação minuciosa da lei.
Formavam uma comunidade ascética ao redor do Mar Morto, e viviam uma vida
rigidamente devota. Eram a sobrevivência dos hasidins mais estritos,
influenciados pela filosofia grega. A partir dos documentos de Qumram, parece
que eles aguardavam um messias que iria combinar as linhagens real e
sacerdotal, numa estrutura escatológica. Este grupo não é mencionado em o Novo
Testamento.
5. Herodianos — Os saduceus da extrema
esquerda eram conhecidos como os herodianos. Tirando o nome da família de
Herodes, eles baseavam suas esperanças nacionais nessa família e olhavam para
ela com respeito ao cumprimento das profecias acerca do Messias. Eles surgiram
em 6 d.C, quando Arquelau, filho de Herodes, o Grande, foi deposto, e Augusto
César enviou um procurador, Copônico. Os judeus que favoreciam a dinastia
herodiana eram chamados "herodianos". Este grupo é mencionado em
Mateus 22:16 e Marcos 3:6; 12:13.
6. Zadoqueus — Na extrema direita dos saduceus
estava o grupo conhecido como os zadoqueus. Embora não mencionados em o Novo
Testamento, este grupo é importante, porque mostra outra tendência entre os
saduceus, talvez dando uma chave quanto à sua origem. Em 1896, um fragmento de
um documento foi encontrado numa sinagoga no Cairo. Publicado em 1910, com o
título Fragmentos de uma Obra Zadoquita, este termo entrou em todas as
discussões acerca do judaísmo sectário. A descoberta de outros documentos na
comunidade de Qumram, do Mar Morto, sugere alguma relação entre os zadoqueus,
os essênios e a comunidade de Qumram. Um movimento de reforma foi iniciado
entre os sacerdotes (filhos de Zadoque), entre os saduceus, durante o início do
segundo século a.C. Quando a reforma fracassou, eles foram para Damasco e
estabeleceram uma comunidade sob um novo conjunto de regulamentos, denominado
"o novo concerto". Alguns posteriormente voltaram como missionários
para sua terra natal e depararam com amarga oposição por parte dos fariseus e
saduceus. Alguns, então, encontraram seu caminho em direção às comunidades ao redor
do Mar Morto. Eram missionários fervorosos, em busca de um mestre de justiça
que chamasse Israel de volta ao arrependimento e apareceria no advento do
Messias. Eles aceitavam toda palavra escrita, mas rejeitavam a tradição oral.
Eram muito abnegados na vida pessoal e leais aos regulamentos da pureza
levítica. Deram grande ênfase à necessidade de arrependimento.
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