TORNANDO-SE UM LÍDER ESPIRITUALMENTE MADURO (I Tm 3. 1-7)
GENE GETZ
Vários anos atrás eu dirigia um seminário para homens em Chicago. Haviam pedido que falasse sobre “maturidade espiritual”, usando os modelos do apóstolo Paulo em suas cartas pastorais a Timóteo e Tito. Eu tinha desenvolvido extensamente o resumo de Paulo em meu livro intitulado “A Estatura de um Homem Espiritual”, que formou a base daquele seminário.
Ao discutir cada qualidade delineada por Paulo nestes dois poderosos e dinâmicos parágrafos bíblicos, dois cavalheiros de aparência distinta sentados bem à frente davam-me manifestações positivas, não apenas com linguagem corporal, mas até verbalmente. “Muito bem, Gene!”, disse um deles. “É isso aí!”, respondeu o outro. “Boa idéia!” Esta foi uma nova experiência para mim, e francamente senti-me bem — particularmente porque nunca tinha visto antes aqueles homens.
Durante o cafezinho aproximei-me da mesa onde eles estavam e me apresentei. Logo descobri que cada um tinha uma posição de alta gerência em uma das siderúrgicas em uma cidade próxima. Também descobri que eram recém-convertidos, "neófitos”, como Paulo os chamaria — o que explica por que se sentiam livres para interagir comigo publicamente. Eles ainda não haviam aprendido as “normas cristãs” em que se baseiam as “reuniões teológicas”. Francamente eu desejei que nunca aprendessem. Eles possuíam uma simplicidade animadora. Era incentivador relacionar-me com homens que ainda não estavam embebidos das tradições culturais restritivas.
O que mais me afetou e me intrigou, entretanto, foram seus comentários sobre os modelos paulinos de maturidade. Prontamente eles admitiram que nunca tinham ouvido muito sobre Timóteo e Tito. Um deles disse: “Gene, parece que já ouvi falar sobre Timóteo; mas este cara, Tito — bem, nunca ouvi falar dele.”
TODA VERDADE É VERDADE DE DEUS!
A esta altura esses executivos me prenderam a atenção! Embora nunca tivessem lido ou ouvido estas páginas no Novo Testamento antes de ir àquela conferência, eles estavam experimentalmente familiarizados com características de maturidade delineadas por Paulo e com sua importância. Por isso é que responderam ao que eu mostrava. Eles estavam afirmando a importância e significação de cada qualidade. Provavelmente sem o saber, demonstravam que “toda verdade é verdade de Deus”.
Durante aquele cafezinho eles expandiram suas reações públicas. “Gene”, disse um deles, “é admirável como os esboços paulinos de maturidade para líderes se alinham com o que temos aprendido por experiência, em nossas posições como altos gerentes”. Embora fossem novatos na fé cristã, eles haviam aprendido que só pretendiam contratar líderes para posições de gerenciamento médio que tivessem “boa reputação” — a primeira qualidade esboçada por Paulo em ambas as cartas (veja I Tm 3.1-7; Tt 1.6-9).
Além disto, disseram que não desejariam em posições de liderança homens que fossem infiéis as suas esposas — o segundo requisito colocado por Paulo na sua lista dos dois esboços. “Se eles enganam seus cônjuges, enganarão também a companhia”, disse um deles. Prontamente eles estavam me dizendo que líderes que não podem dar boa direção às suas famílias nunca darão encaminhamento apropriado ao povo pelo qual são responsáveis em suas posições de trabalho. Também para Paulo esta era uma qualificação fundamental!
Em resumo, eles me disseram durante aquela “paradinha” de 15 minutos que os requisitos paulinos para líderes espirituais na Igreja eram os mesmos que eles haviam descoberto pragmaticamente ser o que precisavam buscar em um líder competente em sua área profissional.
UM DESAFIO À LIDERANÇA
Paulo havia deixado Timóteo em Éfeso para implantar a Igreja. Embora a comunidade cristã estivesse indo bem como uma comunidade crescente e influente na parte maior da Ásia, “certos homens” haviam surgido e conquistado posições de liderança proeminente. Infelizmente estes homens eram qualquer coisa, menos qualificados para liderar, tanto em termos do que criam e ensinavam como do que viviam em suas vidas. Não só estavam ensinando doutrina falsa, como também demonstravam atitudes e atos arrogantes (veja I Tm 1.3-7).
Alguns destes homens chegaram a ser culpados de blasfêmia. Paulo preveniu Timóteo para que evitasse ser influenciado por esses falsos mestres — “combater o bom combate”, “mantendo uma boa consciência” (vv. 18-19). Agir de modo diferente poderia levar ao desastre espiritual, como aconteceu com Himeneu e Alexandre e outros que sofreram “naufrágio na sua fé” (v. 19).
Imagine só o desafio que Timóteo enfrentava! Aqui estava um homem relativamente jovem, provavelmente em seus 30 anos, encarando alguns homens que eram sem dúvida mais velhos que ele, homens que já ocupavam posições influentes no processo de desencaminhamento de crentes.
Problemas como estes não se resolvem fácil, nem rapidamente, o que ajuda a explicar o desafio de Paulo a Timóteo em sua segunda carta. Nela, Paulo exortou seu jovem colega a “acender” o dom de Deus que lhe fora dado e a nunca se intimidar com esses líderes poderosos e influentes. Ele deveria encarar o problema de frente com um “espírito... de poder, amor e disciplina” (II Tm 1.7).
Tito teve um desafio semelhante na ilha de Creta. Era também jovem, e Paulo o havia deixado nesse campo missionário pagão, mas promissor, para firmar os novos crentes que tinham vindo a Cristo como resultado de seus esforços de implantação de igrejas e para designar líderes piedosos que pudessem dirigir estas novas congregações (veja Tt 1.5).
Em alguns aspectos, Tito enfrentou uma tarefa ainda maior que Timóteo em Éfeso. Muitos líderes “insubordinados” — “faladores inconseqüentes e enganadores”, para citar Paulo — tinham surgido e estavam “pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem”. Eles precisavam ser “calados”, escreveu Paulo.
Antes de sua exortação, Paulo havia elaborado uma lista de qualificações para guiar Tito na indicação de líderes nas igrejas de Creta, lista esta que, na essência, era muito semelhante à lista da sua primeira carta a Timóteo (comparar 1 Tm 3.1-7 com Tt 1.5-9). Devido às limitações de espaço neste capítulo, vamos concentrar-nos nas características expostas em Timóteo e incluir referências suplementares às dadas a Tito.
PARA TORNAR-SE UM LÍDER CRISTÃO
Paulo queria que tanto Timóteo como Tito soubessem sem vacilação o que buscar em um líder potencial. Enquanto esquematizamos e estudamos estes requisitos, notemos que Paulo disse muito pouco sobre as habilidades ou capacidades, ou mesmo dons. Todas estas características estão relacionadas a qualidades de vida: moral elevada, comportamento ético, atitudes corretas, motivos puros, alvos apropriados, hábitos positivos, relacionamentos de qualidade e boa reputação. Mesmo o conhecimento não se destaca na lista de prioridades de Paulo, embora ele esteja certamente pressuposto, particularmente em sua carta a Tito, quando diz que estes líderes deviam “exortar pelo reto ensino” e “convencer os que contradizem” (Tt 1.9).
Existe uma razão para esta ênfase. Aqueles que têm conhecimento, habilidades e capacidades, sem as qualidades indicadas por Paulo podem guiar pessoas na direção errada eficiente e rapidamente. Isto estava acontecendo tanto em Éfeso como em Creta.
Não vamos entender mal! Isto não significa que conhecimento, habilidades e capacidades não sejam importantes, mesmo quando procuramos líderes espirituais qualificados. A Escritura adverte contra o “proceder sem refletir” (Pv 19.2). Uma pessoa desprovida de conhecimento, habilidades e capacidades vacilará como líder. Ser bem qualificado e não ter caráter, no entanto, é fatal. Ao nomear líderes, se pusermos o “carro à frente dos bois” — capacidades antes do caráter — poderemos literalmente destruir uma igreja, ou qualquer outra organização cristã. Basta uma pessoa com ego inflamado para destruir a unidade e criar uma divisão quase intolerável.
Primeiro Princípio de Liderança:
Um líder deve estar vivendo uma vida exemplar que seja óbvia tanto para cristãos como para não-cristãos.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder precisa estar acima de reprovação.
Ao procurar um líder em potencial, Paulo colocou esta qualidade de caráter em primeiro lugar. Significativamente, ela está no topo da lista, tanto em sua primeira carta a Timóteo como em sua carta a Tito. Paulo não estava falando de perfeição, porque Jesus Cristo era o único líder perfeito a andar pelo planeta Terra. Na verdade, Paulo estava se referindo à reputação de uma pessoa — como os outros viam essa pessoa.
O caráter de Timóteo era talvez sua maior força como líder. Esta era uma razão básica pela qual Paulo lhe pedia que servisse como seu assistente no ministério. Quando ele e Silas chegaram a Listra em sua segunda viagem missionária, Lucas registra que Timóteo tinha “bom testemunho” em sua cidade natal (At 16.2). As pessoas estavam falando a respeito deste jovem e de sua dedicação a Jesus Cristo, não só onde vivia, mas também em Icônio, uma cidade vizinha. Sua reputação tinha-se espalhado além de sua comunidade local. Paulo estava impressionado porque conhecia o desafio de liderança que teria pela frente. Para que as novas congregações pudessem sobreviver e crescer, necessitariam de líderes piedosos.
Paulo sabia também que precisava de um missionário associado na segunda viagem, alguém que pudesse descobrir e aprovar aqueles líderes. Ainda mais importante, ele precisava de um companheiro que estivesse “praticando o que pregava”. Em resumo, é preciso um líder que tenha “boa reputação” para dirigir, treinar e nomear outros com “boa reputação”.
Imagine o que teria acontecido se Timóteo tivesse pregado uma mensagem em Éfeso com respeito à necessidade de líderes que tivessem “boa reputação”, sem demonstrar esta qualidade em sua própria vida. Ele encarava uma tarefa suficientemente dura sem dar às pessoas oportunidade de questionar seu próprio caráter.
Note-se que Paulo queria que Timóteo nomeasse líderes que não somente tivessem boa reputação na “comunidade da fé”, mas também na “comunidade pagã”. Conseqüentemente, ele coroava seu perfil de caráter para presbíteros e pastores dizendo que todo líder espiritual “precisa ter boa reputação com os de fora da igreja” (1 Tm 3.7, ênfase do autor). Paulo não queria dizer que estes líderes potenciais não seriam criticados ou ridicularizados por causa de sua fé. Antes, ele queria na Igreja líderes que demonstrassem honestidade e integridade em seus relacionamentos com não-crentes. Em resumo, Paulo estava dizendo a mesma coisa que Pedro disse a todos os cristãos quando escreveu:
“Com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo” (1 Pe 3.16).
Segundo Princípio de Liderança;
Um líder deve ser moralmente puro, mantendo o padrão de justiça de Deus.
Princípio Espiritual Correlato: Um líder deve ser marido de uma só esposa.
Quando Paulo exortou Timóteo a procurar indivíduos que tivessem sido “maridos de uma só mulher”, em essência, ele estava se referindo à pureza moral. Poderíamos bem traduzir a frase de Paulo como “homem de uma só mulher”. Em outras palavras, qualquer homem que servisse à Igreja como presbítero ou pastor devia ter uma só mulher em sua vida, sexualmente — a saber, sua esposa.
Uma razão disto ser um requisito espiritual tão importante no mundo do Novo Testamento para os líderes é que muitos homens — particularmente os de posses — tinham mais de uma mulher com que se relacionavam em termos de sexo. Além da esposa, eles tinham uma jovem escrava à sua disposição, e freqüentemente eles conseguiam os serviços de uma prostituta do templo. Isto era comum no Império Romano. Quando qualquer homem se tornasse cristão, entretanto, ele estava frente a frente com um novo padrão de moralidade:
o padrão de Deus. Ele devia ter somente uma mulher em sua vida em termos de intimidade sexual: sua esposa legal. O mesmo padrão se aplicava a qualquer mulher cristã. Em termos de relações sexuais, ela também devia ter um só homem em sua vida: seu marido.
Em ambas as cartas, “ser marido de uma só mulher”, está colocado em segundo lugar, após o ser “acima de qualquer recriminação”. Isto é assim por intenção divina. A pureza moral é a qualidade mais importante para se construir uma boa reputação. Qualquer líder cristão que viole este princípio torna-se suspeito em termos de confiabilidade. Como meus novos amigos afirmaram durante o cafezinho da conferência acima referida, se você não pode confiar que um homem seja leal à sua esposa, você não pode confiar que ele seja leal à sua organização, seja ela cristã ou não. O mesmo se aplica a qualquer mulher numa posição de liderança. Uma mulher que engane seu marido tem grande possibilidade de enganar a sua companhia — ou a sua igreja.
Este requisito bíblico para líderes cristãos levanta uma importante pergunta. Deve uma pessoa que tenha cometido adultério e que tenha verdadeiramente se arrependido daquele pecado ter a oportunidade de ocupar uma alta posição de liderança (pastor, presbítero, diácono, diaconisa)? Esta questão não tem resposta fácil. Uma coisa é clara, entretanto. Se este tipo de comportamento fere nossa reputação, tornando difícil ministrarmos a outros, estaremos violando o primeiro requisito — estar “acima de recriminação”. Para alguns é possível recomeçar, especialmente noutra comunidade. Para outros, entretanto, sua reputação está de tal modo manchada por causa de sua imagem tão elevada na comunidade cristã, que é virtualmente impossível recomeçar.
Lembro-me de ter conversado com um pastor bem conhecido que era culpado de adultério com muitas mulheres. Afastado de seu mandato de pastor, desejou imediatamente iniciar uma nova igreja na mesma área geográfica. Lembrei-lhe que uma vez “toda a cidade” soubera de seus casos porque sua crise moral tinha sido noticiada no principal jornal. Além do mais, ele era um escritor cujos livros eram amplamente lidos, e que ele havia aparecido num ministério nacional e internacional pela televisão. Muito poucos seriam os lugares a que ele poderia ir sem ser reconhecido como o pastor de uma igreja grande e crescente que havia cometido adultério muitas vezes e com muitas mulheres. Infelizmente ele não me ouviu (e mesmo a outras pessoas preocupadas). Foi só uma questão de tempo antes que ele repetisse seu comportamento pecaminoso, devastando mais pessoas e trazendo ainda mais recriminação sobre a causa de Cristo.
Ter uma “boa reputação” é um critério fundamental para responder à questão anterior. Mais importante ainda, suficiente evidência deve estar disponível para se saber se a pessoa verdadeiramente se arrependeu ou não de seu pecado. Tristemente, no caso acima ilustrado, revelou-se que aquele homem não estava dizendo toda a verdade. Após a nossa conversa, logo ficou evidente que ele tinha estado envolvido com mais mulheres do que qualquer um de nós jamais soubera. Seu chamado “arrependimento” não era real. Lamentavelmente, também isto foi noticiado por um bem conhecido e sofisticado periódico secular. Infelizmente, muitos líderes que têm caído neste tipo de pecado e que têm sido descobertos, ficam mais “tristes” por serem apanhados, que por terem ferido ao Salvador e ofendido profundamente ao Espírito Santo.
Terceiro Princípio de Liderança:
Um líder deve andar pela fé, demonstrar esperança e manifestar verdadeiro amor bíblico em todos os relacionamentos.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder deve ser um cristão temperante.
Quando Paulo usa o termo “temperante” ele estava identificando um cristão que tem um enfoque claro da vida. Mais amplamente, este tipo de cristão tem uma filosofia de vida baseada na solidez das Escrituras.
Líderes temperantes têm uma visão bíblica da História. Compreendem o controle soberano sobre o universo, mas ao mesmo tempo desempenham suas responsabilidades humanas com diligência. São equilibrados ao abordar problemas e evitam extremos que os desviem dos propósitos de Deus, os quais Ele deixou no mundo para que os cumpríssemos.
Em sua carta aos Tessalonicenses Paulo descreveu um cristão “temperante” como alguém que “veste o colete da fé, e do amor, e como capacete a esperança da salvação” (1 Ts 5.8, ênfase do autor). É interessante que Paulo usasse estas três palavras freqüentemente para caracterizar maturidade entre cristãos em geral (veja Ef 1.15,18; Cl 1.3-8; 1 Ts 1.2-3; 2 Ts 1.3; 1 Co 13.13). Se todos os cristãos juntos devem refletir estas qualidades, quanto mais não devem os líderes cristãos tê-las?
Mais especificamente, como reconhecemos um cristão “temperante”?
A fé é refletida nos cristãos que estão dispostos a dar um passo à frente e crer nas promessas de Deus. Eles não temem o desconhecido, porque sabem que Deus está no controle. Ao mesmo tempo, gente de fé não se arrisca tolamente, ignorando os fatores humanos na tomada de decisões. Em essência, eles praticam o seguinte provérbio:
“Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas” (Pv 3.5-6).
A esperança é refletida nos cristãos que estão seguros daquilo em que crêem. São estáveis e firmes, particularmente em face da adversidade. Sabem para onde vai a História e, em última análise, não importando o quanto à sociedade se deteriore, sabem que têm “uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros” (1 Pe 1.4). Além do mais, eles não são “levados ao redor por todo vento de doutrina” (Ef 4.14).
O amor está refletido em várias características lindamente ilustradas na primeira carta de Paulo aos Coríntios, em que ele descreve o amor como sendo paciente, benigno, não ardente em ciúmes, não arrogante, não agindo inconvenientemente, não buscando seus próprios interesses, não se exasperando, não se ressentindo do mal e não se regozijando com a injustiça. O amor é também descrito como alegrando-se com a verdade, sofrendo todas as coisas, crendo em tudo, esperando tudo e suportando todas as coisas (1 Co 13.4-7).
Quarto Princípio de Liderança:
Um líder deve ser sábio, perspicaz e experiente, o tipo de cristão que reflete verdadeira humildade e a disciplina da graça de Deus para viver uma vida piedosa e ser uma pessoa de oração.
Princípio Espiritual Correlato:
O líder cristão é uma pessoa prudente.
A palavra grega traduzida como “prudente” é sophron, que literal mente significa “saudável na mente”. Esta palavra pode também ser traduzida como “ajuizado”, dependendo do contexto. Francamente eu gosto da palavra “prudente” porque o dicionário “Webster” nos lembra que um líder prudente é “perspicaz na administração de questões práticas”. Conseqüentemente, podemos concluir que uma pessoa prudente é uma “pessoa de sabedoria”.
Quando Moisés encarou a espantosa responsabilidade de guiar mais de dois milhões de pessoas pelo deserto, ele foi dirigido pelo Senhor a “escolher homens sábios e entendidos e experimentados” de cada tribo e nomeá-los como líderes para auxiliar no seu próprio papel administrativo (Dt 1.13-14, ênfase do autor). Resumindo, pessoas “sábias”, “entendidas” e “experientes” tornam-se líderes prudentes.
Mais especificamente, como reconhecemos um líder cristão “prudente”?
Primeiramente, esta pessoa é um líder humilde. Paulo sublinhou esta realidade quando escreveu aos Romanos que ninguém “pensasse de si mesmo, além do que convém, antes, pense com moderação [isto é, pense sobriamente, ajuizadamente ou prudentemente], segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um” (Rm 12.3, ênfase do autor). Dito de outro modo, líderes prudentes nada farão “por partidarismo, ou vanglória”, mas operarão “com mente humilde”. Considerarão os outros “superiores” a si próprios; não terão meramente em vista o que seja propriamente seu interesse, mas também o interesse de outros (Fp 2.3-4).
Segundo, um líder prudente é alguém que tem uma visão apropriada da graça de Deus. Paulo sublinha este ponto ao escrever a Tito:
“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens educando-os para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos no presente século sensata [ prudente], justa e piedosamente” (Tt 2.11-12).
Finalmente uma pessoa prudente é uma pessoa de oração. Pedro reconheceu isto quanto admoestou seus seguidores: “Sede criteriosos (sede prudentes) e sóbrios a bem das vossas orações” (l Pe 4.7, ênfase do autor). Um líder “prudente” dobrará seus joelhos em adoração humilde e sincera, e então se levantará em um novo nível de vida reta e santa.
Quinto Princípio de Liderança:
Um líder deve levar uma vida bem ordenada que torne o evangelho atraente para os não-crentes.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder deve ser um cristão respeitável
Se um cristão temperante reflete “uma bem ordenada filosofia de vida”, um cristão respeitável vive uma vida bem ordenada. O primeiro envolve a capacidade de alguém de pensar claramente; o segundo reflete a capacidade de traduzir “bom pensamento” em “ações apropriadas”.
A palavra grega traduzida como “respeitável” é kosmios. Nossa palavra “cosmético” vem da mesma palavra básica. Vemos esta conexão quando o verbo kosmeo é traduzido “ornar”. Por exemplo, os escravos deveriam ser “agradáveis, não discutidores” e não deviam furtar nada de seus senhores. Pelo contrário, deveriam “ornar, em todas as coisas, a doutrina de Deus nosso Salvador” (Tt 2.10). Na essência, Paulo está ensinando que a vida de um líder maduro será como “cosmético para o evangelho”. Quando não-cristãos observam suas atitudes e ações, devem ser atraídos à mensagem do evangelho e àquele que encarna essa mensagem.
Quando falo sobre o tema das qualidades de liderança, gosto de expor a seguinte parábola moderna:
Um homem e sua esposa em uma certa cidade compraram uma casa e para ela se mudaram. Este homem era cristão e a pessoa de quem comprou a casa também o era. Ambos eram pastores.
Após alguns dias ficou claro que alguns vizinhos ficaram perturbados porque outro pastor havia se mudado para ali. Ora, o pastor anterior havia dado pouca atenção à aparência exterior de sua propriedade. Deixou que a grama crescesse muito e ficasse descuidada, e, quando aparava a grama, algumas partes ficavam sem cortar, e, onde cortava, ficavam montes de grama seca acumulada, criando uma aparência de deterioração. Muitas pragas
cresciam desafiadoras, e todo tipo de mato se tornou parte integrante do cenário. Este homem não plantou nenhuma árvore ou arbusto, permitindo que seu amplo e espaçoso gramado se tornasse um capinzal.
Assim sendo, aconteceu que certos vizinhos nesta vizinhança em particular davam especial atenção à aparência externa de suas casas. Verdade seja dita, muitos não eram cristãos; eram materialistas. Suas casas e gramados bem pareciam ser seus “deuses”. Mas os vizinhos eram completamente ignorados pela irresponsabilidade deste pastor, bem como pela falta de cuidado e indisposição em fazer a sua parte na beleza da vizinhança. Conseqüentemente o pastor que para ali se mudou depois de ele sair, encontrou grandes barreiras de comunicação com seus vizinhos não-cristãos, estes estavam convencidos de que pastores dão azar, são desorganizados, desinteressados e irresponsáveis no cuidado de sua propriedade.
Esta é uma parábola verdadeira. Aconteceu comigo e minha esposa. Devido às ações daquele homem, levou meses para construirmos pontes com os vizinhos. No correr do tempo, ganhamos respeito trabalhando duro para fazer o que este líder cristão não tinha feito. Depois de dias de aparar grama, plantar árvores e folhagens e arrancar mato, derrubamos a barreira de comunicação. Tornamo-nos “respeitáveis” naquela vizinhança e novamente fomos capazes de “ornar” o evangelho de Cristo com um estilo de vida condizente com o caráter de Deus.
Sexto Princípio de Liderança:
Um líder deve ser desprendido e generoso, disposto a abrir seu lar ao ministério e partilhar suas bênçãos terrenas com cristãos e não-cristãos.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder cristão deve ser hospitaleiro.
Genericamente falando, “ser hospitaleiro” refere-se ao modo como usamos nossas posses materiais — particularmente os lares em que vivemos e o alimento que comemos. E interessante que mostrar hospitalidade não é coisa só do cristianismo. Por exemplo, consideremos a seguinte definição da cultura muçulmana: “Um viajante pode sentar-se à porta de uma pessoa completamente estranha e fumar um cachimbo até que o mestre o receba com uma refeição noturna e então permanecer um número limitado de dias, sem ser indagado sobre seus propósitos e partir com um simples ‘Deus seja contigo’, como sua única compensação.”
Está claro no Novo Testamento que o cristão, mais do que todas as pessoas, deve ser hospitaleiro. Ouçamos as seguintes exortações:
• Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros... Compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade (Rm
12.10,13).
• Seja constante o amor fraternal. Não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber acolheram anjos (Hb 13.1-2).
• Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados. Sede mutuamente hospitaleiros sem murmuração (1 Pe 4.8-
9), “Mostrar amor” e “demonstrar hospitalidade” são conceitos inseparáveis. Amor é a qualidade básica que reflete o modo desprendido como Jesus Cristo deu sua vida para nos salvar. Hospitalidade é um modo específico em que podemos imitar Jesus Cristo e demonstrar seu amor por outros. Deixar de mostrar hospitalidade é deixar de amar como Jesus mandou.
Se todos os cristãos devem mostrar hospitalidade — e devem — eles precisam ver isto em seus líderes. Isto era imperativo nos primeiros dias do Cristianismo, porque a Igreja não podia ter propriedades. Conseqüentemente, eles tinham de reunir-se nos lares — especialmente nos lares dos líderes da Igreja. Embora as situações culturais tenham mudado, ainda é importante que um líder cristão seja hospitaleiro.
Sétimo Princípio de Liderança:
Um líder deve ser capaz de comunicar-se de um modo não contencioso, não defensivo e não desafiador — demonstrando gentileza, paciência, capacidade de aprender, sem comprometer a mensagem da Palavra de Deus.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder deve ser capaz de ensinar.
Superficialmente pode parecer que Paulo estava falando sobre o “dom de ensinar”, ou seja, sobre a capacidade ou habilidade de comunicação. Não é assim — pelo menos no modo como expomos os métodos de ensino hoje. Na verdade, ser “apto para ensinar” é uma qualidade de vida, um aspecto do caráter de uma pessoa.
Deixemos que a Escritura interprete a si própria. A palavra grega traduzida como “apto para ensinar” é didaktikos. Esta palavra é usada somente duas vezes no Novo Testamento — aqui em 1 Timóteo 3.2 e em 2 Timóteo 2.23-25. Nesta última passagem, a idéia principal é “comunicação”, que é definida como didaktikos. Notemos que as palavras que Paulo usou se agrupam ao redor da qualidade de ser “apto para ensinar”. Paulo exortava Timóteo a ser “não-contencioso” ou questionador. Ele deveria ser “brando com todos”, referindo-se especificamente a quantos estivesse ensinando. Ao ensinar, ele deveria ser “paciente quando ofendido”. Quando qualquer um se opusesse à mensagem da Palavra de Deus, ele deveria “disciplinar com mansidão”.
Não é preciso dizer, estas são qualidades de maturidade refletidas numa abordagem não defensiva para com a comunicação e uma abertura para aprender. No grego clássico, a palavra didaktikos significava “ensinável”. Em suma, uma pessoa “apta para ensinar” demonstra um senso de segurança, prontidão para aprender e uma reação não desafiadora para com aqueles que discordam.
Eu gosto muito de ilustrar esta qualidade de vida contando a história verdadeira de um homem e sua esposa que têm servido comigo como líderes leigos durante vários anos na Fellowship Bible Church North, a igreja onde sou pastor titular. Mike e sua esposa, Sharon, são cristãos maravilhosos e dedicados e sempre me impressionaram com seu modo de andar com Deus.
Mike é banqueiro. Numa manhã de domingo, ele e Sharon tomavam o café matinal. Quando olharam pela janela da cozinha, um ônibus parou na frente de sua casa. Um grupo de pessoas saiu do ônibus, empunhou cartazes e começou a formar um piquete em frente de sua casa.
Em poucos minutos um homem bateu na porta com um documento nas mãos. Ele queria que Mike assinasse uma declaração de que seu banco — um grande conglomerado de poupança e financiamento cobrindo o Estado do Texas — reconhecesse ter tomado decisões prejudiciais contra minorias nos empréstimos. Em pé, ao lado deste homem estava um outro indivíduo com uma máquina fotográfica, pronto a tirar uma foto de Mike — pressupondo que seriam negativas, e que provavelmente seria estampada no dia seguinte no The Dallas Morning News. Na realidade o que havia acontecido é que o governo dos Estados Unidos tinha decretado uma lei que havia sido interpretada pelas minorias como tratamento prejudicial a elas. Sendo Mike o presidente desse grande conglomerado de poupança e empréstimo, as minorias fizeram dele um alvo com a finalidade de declarar sua posição. Em resumo, Mike estava encurralado.
Como cristão, o que você teria feito nesta situação?
Francamente, minhas reações poderiam ter sido menos que maduras. A reação de Mike ilustra de uma maneira incrível o que Paulo quis dizer com “apto para ensinar”. Em vez de se defender ou reagir negativamente, Mike convidou todos os piqueteiros a entrar. Naturalmente, o homem à porta com o documento em sua mão ficou totalmente desarmado — tanto quanto todo o grupo. Entretanto, reconhecendo que a oferta de Mike era sincera, deixaram empilhados os seus cartazes no gramado em frente da casa e todos marcharam para a sala de estar da casa. Sharon serviu café enquanto Mike explicava sua preocupação pessoal pelas minorias, tanto como a história de seu próprio envolvimento com grupos minoritários na cidade de Dallas.
Quando veio a oportunidade natural, Mike mudou o foco dos seus envolvimentos em atividades sociais para uma experiência que tivera havia anos. Mike tinha aceitado Jesus Cristo como seu Senhor pessoal e Salvador, o que, ele disse ao grupo, chegou mesmo a intensificar sua preocupação em ajudar os outros.
Àquela altura havia uma clara mudança nas reações do grupo. Mike chegou mesmo a arrancar algumas declarações de alguns desses estranhos. Mike havia conquistado o coração deles. Eles começaram a ver mais claramente sua própria perspectiva sobre o que estava acontecendo em nossa sociedade.
Após algum tempo juntos, as pessoas se levantaram, agradeceram a Mike e a Sharon por sua hospitalidade, e um por um saíram porta afora, entraram no ônibus e partiram. Nunca mais se ouviu deles.”
Ao ouvir Mike contar esta experiência, pensei imediatamente no que Paulo escrevera a Timóteo sobre ser “apto para ensinar”. Mike e Sharon demonstraram uma maturidade fora do comum naquela situação. Bem rapidamente uma reação negativa por parte de Mike poderia ter levado a uma discussão. Se ele tivesse “batido a porta nas reações de cara” deles — o que eu mesmo seria tentado a fazer — ele teria se colocado à mercê dessas pessoas. E o mais importante, ele teria perdido a oportunidade de ouro de partilhar com eles a mensagem de Cristo e da sua semelhança com ele.
Ao manter a porta aberta e sendo “paciente quando ofendido” e “disciplinando com mansidão os opositores” a si mesmo, Mike estava também mantendo uma porta aberta para corrigir o pensamento das pessoas deste grupo. Bem em frente dos próprios olhos deles, ele começou a ver mudanças de atitudes, o que acontece quando as pessoas começam a ouvir e a “chegar ao conhecimento da verdade”.
O que Mike fez não justifica de modo nenhum o que pode ter sido impropriamente feito pelo governo dos Estados Unidos ou qual quer outra organização. Mike, no entanto, usou esta oportunidade para mostrar seu desejo de ser justo, honesto e sem preconceito em seu modo de lidar com essas pessoas, tanto em sua vida pessoal como em seu negócio. Ao praticar esta qualidade de vida de um modo não defensivo e aberto, ele foi “apto para ensinar”.
Oitavo Princípio de Liderança:
Um líder não deve estar preso a qualquer anseio pecaminoso da carne; mais que isto, ele deve considerar cuidadosamente o modo pelo qual suas liberdades em Cristo possam levar outros a pecarem.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder cristão não deve ser viciado em vinho.
Este requisito em particular para liderança tem sido freqüentemente confundido pelas pessoas. O fato é que a Bíblia não ensina a abstinência total. A maioria dos estudiosos concorda que as menções ao vinho, tanto no Antigo como no Novo Testamentos referem-se ao suco de uva fermentado. É por isto que Paulo escreveu que um líder espiritual não deve ser “dado ao vinho”. Obviamente, não podemos ser “viciados” em suco de uva não alcoólico. Se Paulo estivesse ensinando a abstinência total, deveria ter dito que um líder espiritual nunca deveria tomar vinho. O que é que a Bíblia ensina sobre o beber vinho?
Os seguintes parâmetros são oferecidos na Bíblia:
1. Está sempre fora da vontade de Deus o exagerar e beber demais. Ouçamos cuidadosamente as seguintes advertências de Provérbios:
Para quem são os ais? Para quem os pesares?
Para quem as rixas? Para quem as queixas?
Para quem as feridas sem causa?
Para quem os olhos vermelhos?
Para os que se demoram em beber vinho (Pv 23.29-30).
2. Está sempre fora da vontade de Deus o tornar-se viciado em vinho. Ouçamos as palavras de Paulo em sua carta aos Coríntios. Em 1 Coríntios 6.12 Paulo escreve: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas”. Em essência, isto é o que Paulo tinha em mente quando estabeleceu estes requisitos para a liderança espiritual. Hoje classificamos este tipo de pessoa como um alcoólatra.
3. Está sempre fora da vontade de Deus sermos a causa do pecado dos outros. Paulo falou deste assunto em particular quando disse: “É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar [se ofender, ou enfraquecer]” (Rm 14.21). Este princípio é aplicável a todas as relações. Entretanto, é particularmente aplicável aos pais. O Conselho Nacional sobre o Alcoolismo afirma que os filhos de alcoólatras correm o risco de se tornarem alcoólatras na base de quatro vezes mais do que os filhos de não alcoólatras. Isto demonstra o poder da influência e do exemplo. Além do mais, devemos lembrar-nos de que algumas crianças (alguns dizem um em cinco) nascem com propensão ao alcoolismo. Quando crianças têm esta tendência natural a viciar-se, a influência dos pais simplesmente os leva nesta direção mais rapidamente.
4. Está sempre fora da vontade de Deus o tornar-se viciado em qualquer coisa. A exortação de Paulo para não nos tornarmos viciados em vinho tem uma aplicação mais ampla. Um cristão não deve ser viciado em coisa nenhuma: drogas de qualquer tipo, sexo, coisas materiais ou comida. Por exemplo, alguns cristãos comem regularmente demais, embora nunca bebam vinho ou qualquer tipo de bebida alcoólica. Contudo, a Bíblia condena ambos os viciados (veja Pv 23.20-21).
Num período de duas semanas, dois homens da igreja que pastoreio me procuraram separadamente a respeito de tomar bebidas alcoólicas. Ambos eram cristãos em crescimento e que desejavam fazer a vontade de Deus. O fator que levantou a preocupação deles sobre seus atos, entretanto, eram os seus filhos. Ambos estavam bem cientes dos problemas em nossa sociedade. Eles sabiam dos perigos do alcoolismo, e estavam preocupados com o exemplo que poderiam dar aos seus filhos. Valeria a pena o risco de beber, embora a bebida pudesse não ser pecado para eles? Será que a liberdade deles em Cristo não poderia levar um dos seus filhos a cair?
Ao discutirmos o assunto, ambos chegaram à conclusão de que tomar bebidas alcoólicas na frente de seus filhos era algo cujo risco não valia a pena. Um deles decidiu-se pela abstinência total, o outro decidiu-se pela abstinência na frente dos filhos. Ambos tomaram decisões baseadas em princípios bíblicos (veja Rm 14.1-23).
Nota: no Brasil a cultura evangélica diz que crente não bebe, acredito firmemente que é melhor que o pastor ou líder não beba por causa do testemunho. No Brasil beber muito é socialmente aceito entre os homens, como poderemos ministrar em uma sociedade de maneira adequada, se nós mesmos bebemos socialmente? Como falaremos aos nossos amigos que parem de beber, se nós damos o exemplo contrário? A meu ver é melhor não beber do que beber e ser a causa da queda de outros.
Nono Princípio de Liderança:
Um líder deve ser capaz de controlar sentimentos de ira, nunca expressando os mesmos de modo a ferir alguém, nem permitir que eles durem indefinidamente.
Princípio Espiritual Correlato: Um líder não deve ser violento.
A palavra grega traduzida como “violento” é pleektees. Thayer definiu este tipo de pessoa como “violenta”, alguém pronto a “dar pancadas”; uma pessoa “briguenta, contenciosa, encrenqueira”.’ O violento é alguém com a ira fora de controle. Não é nada surpreendente que Paulo coloque este requisito para líderes espirituais, se guindo seu alerta contra o ser “viciado em vinho”, O beber, e particularmente a bebedeira, freqüentemente leva a discussões, rixas e brigas.
Ainda mais fundamental do que ser violento é o evitar ser “temperamental”. Paulo se referiu a esta característica em sua carta a Tito (1.7). “Ser temperamental” é ter ira.
A esta altura precisamos entender que nem toda forma de ira é pecado. Ela é uma emoção normal. Paulo reconheceu isto quanto admoestou os Efésios: “Irai-vos, e não pequeis” (Ef 4.26). Jesus Cristo, o perfeito Filho de Deus, demonstrou que é possível expressar ira
sem pecar quando expulsou os cambistas do templo (veja J 2.13-17).
Quando é que a ira se torna pecaminosa?
1. Quando resulta em comportamento “temperamental”. A palavra grega orgilos, que Paulo usa em Tito 1.7, significa literalmente “irascível”. A palavra comum que provavelmente chegue mais perto de retratar este tipo de pessoa temperamental é “irascível”, significando “iracundo”, “inclinado à ira”. Uma pessoa temperamental “sai dos trilhos”, “perde o controle” e geralmente diz coisas que ferem e ofendem os outros.
2. Quando fere fisicamente as pessoas. E isto que Paulo tinha em mente quando usou a palavra pleektees — traduzida como “violento”. Isto também acontece quando a ira sai do controle.
3. Quando persiste e resulta em amargura. Depois que Paulo exortou os Efésios: “irai-vos, e não pequeis”, ele se estendeu advertindo-os de que todos precisamos de um período para acalmar-nos quando ficamos irados. É virtualmente impossível simplesmente desligar o interruptor e dissipar os sentimentos iracundos. O tempo, contudo, se torna nosso amigo. Ele nos dá uma oportunidade de entender o que está despertando nossa ira, e tornar-nos mais objetivos. Se isto não acontece, os sentimentos iracundos podem tornar-se em amargura, que é pecaminosa.
4. Quando ferimos emocional e espiritualmente as pessoas. A ira que leva ao abuso verbal pode ser ainda mais devastadora do que o abuso físico. Alguns cristãos nunca agrediriam fisicamente os outros, mas usam sua língua para derrubar os outros, controlá-los, confundi-los e deslocar sua própria hostilidade. Infelizmente, as crianças são mais vulneráveis a este tipo de abuso do que os adultos, simplesmente porque não têm como proteger-se.
5. Quando nos tornamos vingativos. É natural que queiramos ferir aqueles que nos feriram — desforrar. Isto, entretanto, diz Deus, não é direito nosso, nem responsabilidade nossa. Paulo escreve: “Não tomeis a ninguém mal por mal... não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira [Deus, subentendido]; porque está escrito: ‘A mim pertence a vingança; eu retribuirei’, diz o Senhor” (Rm 12.17,19).
Décimo Princípio de Liderança:
Um líder deve ser capaz de demonstrar convicções firmes e objetividade ao tomar posição pela retidão, mas também de equilibrar estas atitudes e ações com um espírito amoroso.
Princípio Espiritual Correlato: Seja cordato.
Paulo contrasta “violento” com “cordato”. Interessante é que várias palavras gregas são traduzidas como “cordato”. Paulo, entretanto, escolheu esta (epükees) para identificar um tipo particular de espírito cordato: “um espírito de tolerância”. Thayer define a palavra como sendo “equânime”, e poderíamos acrescentar “razoável”.’
Gosto de usar Tom Landry, ex-treinador do DalIas Cowboys, para ilustrar esta qualidade particular. Landry era um homem justo. Tony Dorsett, um corredor da defesa que às vezes frustrava Landry, fez o seguinte comentário ao refletir sobre os anos passados naquele time:
“Você às vezes não gostava de suas decisões, mas ele era justo. Ele ouvia todos os lados de uma questão e então decidia o que era melhor para o time”.
Dorsett não era o único jogador do Cowboys que às vezes causava muita dificuldade a Landry. Dwayne Thomas, outro poderoso jogador, ajudou o Cowboys na vitória em um Super Bowl. Thomas depois se tornou viciado em drogas, entretanto, e seu comportamento se tornou tão bizarro que era ridículo.
Então, Thomas (Hollywood) Henderson estragou uma carreira potencialmente brilhante pela mesma razão e depois se tornou um constrangimento público para toda a organização do Cowboys.
Landry tinha uma mente tenaz como ele só, e demonstrou uma incrível paciência e tolerância (bondade) com estes homens de seu time. Em seu livro The Landry Legend, Bob St. John resumiu o método de Tom: “A fé era certamente um fator para ajudá-lo a tentar compreender e lidar com o complicadíssimo Dwayne Thomas e ser mais justo e compreensivo com uma pessoa como Thomas (Hollywood) Henderson, além dos padrões algo diferentes de comportamento de Tony Dorsett.”
Randy White, que jogava como atacante no time dos profissionais, assim se expressou: “Olhe, eu estava lá quando ele tinha um punhado daqueles desajustados, e o treinador Landry costumava ceder e dar-lhes uma segunda e mesmo uma terceira oportunidade. Isto é duas ou três mais do que eles jamais tinham tido por parte de quem quer que fosse — ou de quem quer que fosse em qualquer tipo de negócio. Ele fazia isto porque tinha fé nas pessoas”.
Mike Ditka, que jogou pelo Cowboys e depois foi técnico do Chicago Bears, acrescentou: “Tom Landry provavelmente seja o homem mais justo com que jamais convivi. Ele permitiu que muitos jogadores o pressionassem até o limite. Mas quando o faziam, tudo terminava!”.
Eu uso esta ilustração do Tom Landry porque não é sempre que encontramos um cristão tão bem conhecido como líder e que demonstre tão dramaticamente o que Paulo tinha em mente com a palavra epiikees. Por estranho que possa parecer, esta forma de “calma” e “paciência” é algo especial. Os tradutores da Bíblia na Linguagem de Hoje captaram este significado com estas palavras: “...nem violento, mas delicado e pacífico” (1 Tm 3.3).
Décimo Primeiro Princípio de Liderança.
Um líder deve relacionar-se com os outros usando um estilo de comunicação que não os faça sentir-se controlados, manipulados e defensivos.
Princípio Espiritual Correlato: Não seja contencioso.
Tenho um amigo íntimo que hoje serve comigo como presbítero leigo na Fellowship Bible Church North. Os que o conheceram melhor chamavam-no “Sr. Aríete”. Na juventude, ele era conhecido como “Eddie, o Apressadinho.” Gostava de debates — que às vezes eram interpretados como discussões acaloradas, insensíveis e contenciosas. Antes de este homem ser eleito presbítero, seguíamos um procedimento padrão que usamos costumeiramente para avaliar se um homem e sua esposa estão qualificados para este nível de liderança. Pedíamos a todos os nossos outros presbíteros (e às suas esposas) e aos pastores da equipe (e às suas esposas) que preenchessem um formulário de avaliação sobre cada possível candidato e sua esposa (caso fosse casado). Esta folha é baseada nas características que estamos considerando neste capítulo. Pedimos a cada pessoa que use uma escala de sete pontos para expressar seu grau de satisfação ou insatisfação com o comportamento desta pessoa quanto a cada característica. (as perguntas estão contidas na conclusão deste capítulo.)
Quando Eddie estava sendo cogitado para o presbiterato, seguimos este procedimento. Quando os formulários foram devolvidos, ele teve reiteradamente cotação baixa em várias áreas correlatas como alguém “contendedor”. Como pastor titular, eu me sentei com este homem e sua esposa, em companhia de outro presbítero leigo, para relatar as respostas. Francamente, eu estava nervoso com isso, como sempre fico nestas circunstâncias. Este tipo de comunicação é sempre difícil para mim, especialmente quando envolve um amigo chegado.
Uma coisa maravilhosa aconteceu. Eddie sentou-se e ouviu, obviamente surpreso. Ele estava totalmente aberto e não defensivo e agradeceu-nos o tempo e a abertura para com ele e assegurou-nos que pensaria e oraria a respeito do que tínhamos relatado.
Mais tarde ele perguntou à sua esposa — que tinha recebido cotação máxima — a sua opinião. Ela concordava com aquela avaliação? Ela concordou. O que ela disse o surpreendeu. Em retrospecto, o que se segue é o relato do próprio Eddie do que aconteceu!
“Quando Maureen disse que concordava com a avaliação de que eu podia ser contendedor, discutidor e demasiadamente ousado ao defender opiniões que eu sustentava vigorosamente, eu fiquei sabendo que Deus queria chamar minha atenção — grande momento. Eu também soube no fundo que a avaliação estava correta. Ao pedir a ajuda de Deus, Ele deixou-me claro que eu precisava desenvolver o fruto do Espírito conhecido como mansidão. Ele também me deu um plano. Eu tinha de conseguir que minha família confiasse em mim. Certa noite reuni minha família e pedi a cada um que me perdoasse por não ter sido gentil e pedi que me dessem sua ajuda. Expliquei-lhes que toda vez que me vissem usando minha habilidade verbal como um rolo compressor sobre eles, levantando minha voz, mostrando raiva ou sendo contendedor de algum modo, eles deveriam colocar um X no calendário familiar na cozinha.
Para minha tristeza, no dia seguinte ganhei cinco X. Cheguei a pensar em mudar as regras! Mas eu estava resolvido e minha família me ajudou a aprender a ser gentil. O que começou como um golpe esmagador para o meu ego “Sr. Aríete” se transformou numa bênção maravilhosa em minha vida. Agora sei que um ponto de vista colocado de modo gentil com energia é muito mais aceitável e eficaz com o ouvinte. Certamente não atingi minha meta, mas estou a caminho”.
A reação de Eddie a este processo demonstra por si mesma sua crescente maturidade. As mudanças que ele realizou se tornaram imediatamente óbvias a todos os que o conheciam bem. Ele chegou a tornar-se presbítero e eu o considero um dos mais fiéis membros do conselho. Ele tem o coração para Deus, para o ministério e para o povo. Os fatos mostram que ele realmente sempre teve. Ele simplesmente precisava mudar seu estilo de comunicação. Ele não queria parecer contendedor, autoritário, discutidor e controlador. Quando aprendeu o que outros líderes maduros — inclusive um dentro de sua própria família — pensavam que ele fosse, então fez mudanças permanentes e duradouras.
Décimo Segundo Princípio de Liderança:
Um líder deve ser um cristão generoso, contribuindo regular, sistemática, proporcional e alegremente para a obra do Senhor.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder deve livrar-se do amor ao dinheiro.
Um líder cristão maduro não ama o dinheiro. Isto é verdade a respeito de todos os crentes maduros. Não se confundam. As Escrituras não ensinam que “dinheiro”, em si, é um mal. Nem ensinam que está errado ter bastante dinheiro. O que elas ensinam é que é uma séria violação da vontade de Deus quando amamos o dinheiro. É por isto que Paulo disse que, quando um cristão é escolhido para uma posição de liderança, esta pessoa deve ser “livre” — não do dinheiro, mas “do amor ao dinheiro”.
Eu tive a experiência especial de me juntar a um grupo de homens que estudavam tudo o que a Bíblia ensina sobre posses materiais. Mais tarde, escrevi um livro intitulado “A Biblical Theology of Material Possesions”, em que reúno as descobertas. Para nosso espanto, descobrimos que Deus diz mais sobre o modo como os cristãos devem usar suas posses do que sobre qualquer outro assunto, que não seja o próprio Deus. Inquestionavelmente, a maior marca da maturidade cristã é a generosidade.
Alguns pesquisadores nos dizem que o cristão médio dá apenas 2% de seus rendimentos ao Senhor. Porque aproximadamente 15% da população cristã são dizimistas (isto é, dão 10% de sua renda) isto significa que a maioria dos cristãos contribui com quase nada. Isto simplesmente indica que a maioria de nós é “amante do dinheiro”. Os cristãos como um todo se tornaram materialistas, o que é uma direta violação da vontade de Deus.
Em nossa cultura, eu pessoalmente creio que esta advertência deve significar que nós damos um mínimo de 10% de nossa renda bruta. Se possível, isto deveria significar um ponto de partida. Se não for possível, deveria significar nosso alvo — algo que deveríamos pedir a Deus que nos ajude a atingir tão logo quanto possível.
Décimo Terceiro Princípio de Liderança:
Um líder que seja também pai, ou mãe, deve ter um bom relacionamento com seus filhos, dando direção apropriada à unidade familiar.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder deve dirigir bem a sua própria família!
Porque Paulo estava se dirigindo a homens com este perfil de maturidade, ele comparou o papel de pai com o papel de pastor, bem como com o de diácono (veja 1 Tm 3.12). Os critérios básicos para se determinar se um homem está ou não preparado para um papel de liderança proeminente na igreja é quão bem ele está funcionando como líder espiritual em seu lar. Seus filhos particularmente refletirão quão bem ele está desempenhando esta função ordenada por Deus. Se ele é maduro, um homem será capaz de “criar seus filhos sob disciplina, com todo respeito” (1 Tm 3.4). Paulo disse a Tito que este tipo de pai terá “filhos crentes” e que não sejam “acusados de dissolução, nem são insubordinados” (Tt 1.6). Paulo visualizou uma família bem organizada como o teste verdadeiro da maturidade de um homem, bem como de sua capacidade de liderar outros cristãos. Quando toda uma casa está comprometida com Cristo, você pode estar certo de que o pai é espiritualmente e psicologicamente maduro. Quando isto não ocorrer, entretanto, se um homem é nomeado como líder espiritual, a igreja experimentará os mesmos problemas que sua família experimenta. A mesma coisa que tornou este homem um marido e pai fraco fará com que ele seja um líder fraco na igreja. Além do mais, se um homem que não é um bom líder em casa aceita este tipo de papel de liderança, os membros de sua família terão menos respeito por ele, o que, por sua vez, causará grandes problemas.
Não me confundam! Paulo não estava dizendo que uma pessoa tenha que ter filhos para ser um bom líder. Ele estava simplesmente dizendo que se um homem é casado, e se tem filhos, então ele deve ter uma casa bem organizada.
Paulo também não estava se referindo a filhos pequenos e às fases naturais pelas quais eles passam durante seu crescimento. Ele estava falando de filhos crescidos, que ainda vivem no complexo familiar e que sejam culpados de “dissolução” ou “insubordinação” (veja Tt 1.6) ou, mais especificamente, de um estilo de vida arruaceiro e imoral. Os rebeldes filhos de Eli, que serviam como sacerdotes no tabernáculo, ilustram o que Paulo tinha em mente (veja 1 Sm 2.l2ss).
Mulheres que sirvam em posições de liderança também devem ser testadas do mesmo modo. Por exemplo, Paulo recomendava a mãe de Timóteo, Eunice, por sua diligência em nutrir este jovem na verdade bíblica. Ela lhe havia ensinado as Escrituras desde o tempo em que ele era criança (veja 2 Tm 1.5; 3.14-15). Porque o pai de Timóteo não era cristão, Eunice serviu como mãe e pai em termos de nutrição espiritual.
Notemos ainda que quando Paulo resumiu as qualificações para as mulheres que servissem em atribuições diaconais, ele afirmou que elas deviam ser “respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo” (1 Tm 3.11) — o que de certo implica serem boas “governantes de sua própria família”.
Paulo também falou deste assunto ao escrever tanto a mulheres mais idosas, quanto a mais novas. Mulheres idosas deviam servir como líderes das mais novas. Para se qualificarem para o serem, Paulo indicou qualificações muito específicas em Tito 2.3-5.
TORNANDO-SE LÍDER CRISTÃO
É importante entender que os critérios para a seleção de líderes na Igreja não são apenas um perfil para pastores, presbíteros e diáconos. Ao contrário, o que Paulo delineou em suas cartas a Timóteo e a Tito são as marcas de um cristão maduro. Em essência Paulo estava dizendo: “Se você quer ser líder espiritual na Igreja, isto é ótimo! Mas esteja certo de que você é maduro!” Então ele resumiu como deve ser o líder cristão maduro, seja homem, seja mulher. As características específicas que Paulo reuniu nestes parágrafos sucintos e cheios de poder estão em uma lista em outro lugar do Novo Testamento como marcas de maturidade e alvos para todos os cristãos.
Notemos novamente que Paulo não estava dizendo que um cristão tem de ser perfeito para ser líder. Isto desqualificaria todos nós, inclusive o apóstolo Paulo (veja Fp 3.12-14). Ao longo do caminho qualquer um de nós falha em certas áreas de nossas vidas. A marca da verdadeira maturidade, ilustrada por meu amigo Eddie, é o que fazemos com nossas fraquezas. Um cristão maduro está aberto à correção e toma providências para fazer mudanças!
Deveriam as qualificações colocadas por Paulo para presbíteros ou pastores ser usadas para a escolha de todos os líderes na Igreja? Isto seria ideal porque estes perfis apresentam as marcas de um cristão maduro. Entretanto, realisticamente, cristãos novatos podem servir em muitas funções que não requeiram os mesmos padrões.
Leva tempo para crescer em Cristo e refletir seu caráter e, freqüentemente o lugar mais propício para o amadurecimento é uma posição de liderança. Devemos lembrar-nos de que os apóstolos se tornaram líderes antes que se tornassem maduros. Muitas vezes demonstraram comportamentos incrivelmente egocêntricos e infantis. Jesus lhes deu responsabilidades seletivas, sob sua supervisão e orientação, entretanto, para prepará-los para o Dia do Pentecoste, quando se tornaram responsáveis pelo lançamento e liderança da Igreja, sob a direção do Espírito Santo.
Quando tudo for dito e feito, no entanto, aqueles que servem como pastores e outros altos líderes da Igreja devem, entre todo o povo, ser maduros em Cristo. Se não o forem, todo o Corpo de Cristo sofrerá, inclusive a pessoa designada para uma posição de liderança, mas que não esteja pronta a prover tal liderança.
ADENDO: Pastor PARA SE VIVER
Os seguintes 13 princípios de liderança são os que examinamos no presente capítulo. Quinze qualificações para o presbiterato são, na realidade, enumeradas em 1 Timóteo 3.1-7. As duas últimas são: não ser “novo convertido” (3.6) e ter “bom testemunho dos de fora” (3.7). Neste capítulo, a última qualidade foi combinada com o primeiro requisito — ser “irrepreensível”. Não ser crente novato é fundamental e importante para os que estejam em papéis-chave na liderança, não só na Igreja, mas também em outros ministérios cristãos. Muitos crentes novos têm sido derrotados por Satanás quando elevados a uma posição proeminente muito cedo, inclusive falar e cantar. Como Paulo afirma, eles podem logo “ensoberbecer e incorrer na condenação do diabo” (3.6). Personalize estes princípios respondendo às seguintes perguntas e fazendo um círculo no número apropriado na escala de sete pontos:
1. Ate que ponto vivo uma vida exemplar que seja óbvia tanto para cristãos como para não-cristãos?
1 2 3 4 5 6 7
Nunca Sempre
2. Até que ponto sou moralmente puro, mantendo o padrão divino de retidão?
1 2 3 4 5 6 7
Nunca Sempre
3. Até que ponto sou um cristão temperante, que anda pela fé, que demonstra esperança e manifesta um verdadeiro amor bíblico em todos os relacionamentos?
1 2 3 4 5 6 7
Nunca Sempre
4. Até que ponto sou um cristão prudente, uma pessoa sábia, de bom discernimento e experiente; além disto até que ponto reflito a verdadeira humildade e uma vida piedosa e de oração, motivada pela graça de Deus?
1 2 3 4 5 6 7
Nunca Sempre
5. Até que ponto sou um cristão respeitável, uma pessoa que vive uma vida ordeira e que torna o evangelho atraente aos não-crentes?
1 2 3 4 5 6 7
Nunca Sempre
6. Até que ponto sou um cristão hospitaleiro, não egoísta e generoso e disposto a abrir meu lar para o ministério, para compartilhar minhas bênçãos terrenas com cristãos e não-cristãos?
1 2 3 4 5 6 7
Nunca Sempre
7. Até que ponto sou capaz de comunicar-me em tom não-argumentativo, não-defensivo, e não-ameaçador demonstrando mansidão, paciência e prontidão para aprender, sem comprometer a mensagem da palavra de Deus?
1 2 3 4 5 6 7
Nunca Sempre
8. Até que ponto sou livre dos desejos pecaminosos da carne; além disso, até que ponto uso minha liberdade em Cristo de modo a não provocar pecado nos outros?
1 2 3 4 5 6 7
Nunca Sempre
9. Até que ponto sou capaz de controlar minha ira, nunca expressando tal sentimento de modo a ferir e a pecar?
1 2 3 4 5 6 7
Nunca Sempre
10. Até que ponto sou capaz de demonstrar convicções fortes e franqueza, não só tomando posição pela retidão, mas também sou capaz de equilibrar estas atitudes e ações com um espírito de mansidão, que seja também justo, equânime, razoável e sensível?
1 2 3 4 5 6 7
Nunca Sempre
11. Até que ponto sou capaz de me relacionar com outros com um estilo de comunicação que não os faça sentir-se controlados, manipulados e defensivos?
1 2 3 4 5 6 7
Nunca Sempre
12. Até que ponto sou um cristão generoso, contribuindo regular, sistemática, proporcional e alegremente para a obra do Senhor?
1 2 3 4 5 6 7
Nunca Sempre
13. Até que ponto sou um pai ou uma mãe que mantém uma boa relação com meus filhos?
1 2 3 4 5 6 7
Nunca Sempre
Notas
1. Gene Getz, A Medida de um Homem Espiritual. Este livro foi publicado pela primeira vez em 1974, e amplamente reescrito e republicado em 1995. Ele continua a ser básico para estudos bíblicos em grupos de homens, sendo também usado extensamente como manual de discipulado para preparar homens para papéis de liderança na igreja. O livro é baseado num esboço intemporal e textos tirados de 1 Timóteo 3 e Tito 1.
2. Veja 1 Timóteo 3.2a e Tito 1.6a.
3. Veja 1 Timóteo 3.2b e Tito 1.6b.
4. Antes de examinar cuidadosamente esta característica da maturidade e o que Paulo tinha em mente, notemos que os perfis colocados por Paulo em suas cartas a Timóteo e a Tito são aplicáveis tanto a homens como a mulheres em papéis de liderança. É verdade que Paulo estava se referindo primariamente a homens quando colocou esta qualidade, mas outras referências à posição de liderança feminina enfatizam a mesma qualidade de vida. Por exemplo, uma viúva que servisse na base de remuneração devia ser ‘mulher de um homem” (1 Tm 5.9).
5. Veja 1 Timóteo 3.2c.
6. Veja 1 Timóteo 3.2d.
7. Veja 1 Timóteo 3.2e.
8. Veja 1 Timóteo 3.2f.
9. Merril E Unger, Uriger’sBibleDictioriary (Chicago: Moody Press, 1967), p. 502.
10. Veja 1 Timóteo 3.2g.
11. Esta narrativa foi publicada antes em The WaIk por Gene A. Getz (Nashville: Broadman & Holman Publishers, 1994), pp. 201,202,218.
12. Veja 1 Timóteo 3.3a e Tito 1.7d.
13. Veja 1 Timóteo 3.3b.
14. Joseph H. Thayer, Greek-English Lexicon o t New Testarnent (Grand Rapids: Zondervan Publishing 1-louse, 1962), p. 516.
Nunca
15. Veja 1 Timóteo 3.3c.
16. Thayer, Greek-English Lexicon of tire New Testament, p. 238.
17. Bob St. John, Ti Landry Legend (Dallas: Word Inc., 1989), p. 283.
18. lbid., p. 156.
19. Ibid., p. 291.
20. Ibid., p. 157.
21. Veja 1 Timóteo 3.3d.
22. Veja 1 Timóteo 3.3e.
23. Veja 1 Timóteo 3.4.
24. Quando Paulo se refere a “mulheres” em 1 Timóteo 3.11, é minha opinião que ele estava se referindo a mulheres “em funções de serviço”. Conseqüentemente, este conceito poderia ser traduzido como “diaconisa”.
25. Esta avaliação é baseada em “A Medida de um Homem Espiritual”, que é baseado nas vinte qualidades colocadas tanto em 1 Timóteo 3 como em Tito. O livro é altamente recomendado como manual para discipular e desenvolver cristãos com responsabilidades de liderança.
Resumo dos tópicos mais importantes deste tema.
Tópico de “TORNANDO-SE UM LÍDER ESPIRITUALMENTE MADURO”
GENE GETZ
TODA VERDADE É VERDADE DE DEUS!
Primeiro Princípio de Liderança:
Um líder deve estar vivendo uma vida exemplar que seja óbvia tanto para cristãos como para não-cristãos.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder precisa estar acima de reprovação.
Segundo Princípio de Liderança;
Um líder deve ser moralmente puro, mantendo o padrão de justiça de Deus.
Princípio Espiritual Correlato: Um líder deve ser marido de uma só esposa.
Terceiro Princípio de Liderança:
Um líder deve andar pela fé, demonstrar esperança e manifestar verdadeiro amor bíblico em todos os relacionamentos.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder deve ser um cristão temperante.
Quarto Princípio de Liderança:
Um líder deve ser sábio, perspicaz e experiente, o tipo de cristão que reflete verdadeira humildade e a disciplina da graça de Deus para viver uma vida piedosa e ser uma pessoa de oração.
Princípio Espiritual Correlato:
O líder cristão é uma pessoa prudente.
Quinto Princípio de Liderança:
Um líder deve levar uma vida bem ordenada que torne o evangelho atraente para os não-crentes.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder deve ser um cristão respeitável
Sexto Princípio de Liderança:
Um líder deve ser desprendido e generoso, disposto a abrir seu lar ao ministério e partilhar suas bênçãos terrenas com cristãos e não-cristãos.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder cristão deve ser hospitaleiro.
Sétimo Princípio de Liderança:
Um líder deve ser capaz de comunicar-se de um modo não-contencioso, não defensivo e não desafiador — demonstrando gentileza, paciência, capacidade de aprender, sem comprometer a mensagem da Palavra de Deus.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder deve ser capaz de ensinar.
Oitavo Princípio de Liderança:
Um líder não deve estar preso a qualquer anseio pecaminoso da carne; mais que isto, ele deve considerar cuidadosamente o modo pelo qual suas liberdades em Cristo possam levar outros a pecarem.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder cristão não deve ser viciado em vinho.
Nono Princípio de Liderança:
Um líder deve ser capaz de controlar sentimentos de ira, nunca expressando os mesmos de modo a ferir alguém, nem permitir que eles durem indefinidamente.
Princípio Espiritual Correlato: Um líder não deve ser violento.
Décimo Princípio de Liderança:
Um líder deve ser capaz de demonstrar convicções firmes e objetividade ao tomar posição pela retidão, mas também de equilibrar estas atitudes e ações com um espírito amoroso.
Princípio Espiritual Correlato: Seja cordato.
Décimo Primeiro Princípio de Liderança.
Um líder deve relacionar-se com os outros usando um estilo de comunicação que não os faça sentir-se controlados, manipulados e defensivos.
Princípio Espiritual Correlato: Não seja contencioso.
Décimo Segundo Princípio de Liderança:
Um líder deve ser um cristão generoso, contribuindo regular, sistemática, proporcional e alegremente para a obra do Senhor.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder deve livrar-se do amor ao dinheiro.
Décimo Terceiro Princípio de Liderança:
Um líder que seja também pai, ou mãe, deve ter um bom relacionamento com seus filhos, dando direção apropriada à unidade familiar.
Princípio Espiritual Correlato:
Um líder deve dirigir bem a sua própria família!
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