quinta-feira, 8 de março de 2012

A CRISE DA LIDERANÇA CRISTÃ (Aula 1 Liderança Cristã)

Queridos
Segue um artigo meu sobre liderança que foi também minha primeira aula no seminário Betel
PAZ


A CRISE DA LIDERANÇA CRISTÃ
Leonir Oliveira

Crise de Integridade, Igreja SA, O que estão Fazendo com a Igreja? , Irmãos, nós não somos profissionais, Redescobrindo a Igreja, Pastor & Igreja uma relação (conjugal) em crise, etc. “O que são estes nomes”? – Você pode me perguntar. Infelizmente, são nomes de livros evangélicos ou matérias de revistas que relatam, em parte, a situação da liderança cristã contemporânea. Pensadores sérios, como Stott, têm dito que a marca de nossa igreja no mundo é a superficialidade.
Em grande parte a culpa é da liderança. Claro que um líder eclesiástico emerge de pessoas normais e reais, do povo, por isto, sempre será um “filho da época”, moldado pela cultura vigente ou pela falta dela. Espera-se sempre mais de quem aceita o desafio de liderar o povo de Deus. Paulo fala que, quem deseja ser bispo excelente posição almeja, mas não se pode exercer esta posição sem preencher os requisitos (1Tm 3.1-7). Deve ser lembrado que boa parte dos líderes no Brasil já não gosta do título e está sendo promovido a apóstolos, bispo primaz, patriarca, etc. Porém, que a quem muito é dado, muito será cobrado, pois, na mentalidade popular, tudo é culpa nossa, enquanto líderes eclesiásticos.
Assumindo minha culpa neste cenário evangélico, que creio estar em crise, faço a pergunta: Como está a Liderança Cristã no Brasil hoje? Quais são as influências que ela sofreu?  Vejo, claramente, hoje, diversas tendências na liderança cristã, mas, como não há como explorá-las, irei ater-me a algumas.

TENDÊNCIAS PERIGOSAS
Só quem poderia dar um quadro completo dos problemas é Deus, porém, ouso dar algumas opiniões sobre as tendências/influências maléficas no âmbito da Liderança Cristã:

Liberalismo Teológico
Tira a autoridade das Escrituras como fonte histórica e transforma a Bíblia em uma boa fonte moral ou “a melhor fonte moral”, contudo, destituída de historicidade. Logo, a Bíblia é boa, deve ser pregada, mas não é a última palavra nas decisões. Ela é um mito com fundo moral. O impacto desta tendência pode ser sentido principalmente nas denominações históricas (Metodistas, Batistas, Presbiterianos, etc)

Fundamentalismo
Uma reação ao liberalismo teológico foi restabelecer os “fundamentos” da fé cristã e estabelecer aquilo que dever ser entendido como ortodoxo e não ortodoxo. O problema destes é que a fé deixou de ser algo a ser vivido na experiência do dia a dia, para ser um conjunto de regras e doutrinas a serem obedecidas e decoradas, tendendo a uma religiosidade morta; forte entre presbiterianos e Batistas. Em algumas publicações vê-se mais o nome de Calvino, Agostinho ou Wesley, do que o de Jesus ou na mesma proporção dele.

Filosofia
Sempre estudada em nossos seminários, o risco desta é quando, ao invés de auxiliadora, ela se torna o fim da teologia. Alguns pastores são mais filósofos do que teólogos, citando mais Hegel, Kierkegaard ou Nietszche, do que Bíblia propriamente dita. Basicamente, todas as denominações que têm seminário para seus pastores correm este risco.

Psicologia
Com o advento da chamada “Batalha Espiritual” vimos uma enxurrada de psicólogos ocuparem nossos púlpitos em nome da “cura interior” ou “regressão” para remover traumas e maldições do passado. Também vemos a influência desta na área de Aconselhamento Pastoral, sendo que a maior parte dos livros sobre aconselhamento cristão é feita por psicólogos, o que não é um problema em si, mas vejo dificuldades quando o pastor, para tratar as pessoas, começa a usar a terapia e não as Escrituras. Todas as denominações recebem o impacto desta influência.
Administração e Marketing
Nenhuma instituição funciona sem uma organização. O problema é que, em alguns casos, o método e a gestão passam por cimas das pessoas e a organização “engole” o organismo, matando a essência do ser “igreja” (corpo de Cristo). Vemos estratégias mirabolantes de crescimento de igrejas, muitas delas enlatadas, diretamente dos EUA, dizendo o que fazer e desfazer, apregoando crescimento certo, que, na verdade, trouxe divisões em muitas igrejas e problemas para pastores e suas congregações.
Li boa parte a literatura sobre crescimento de igreja e vejo com bons olhos o buscar novas formas de organização. Entretanto, se o marketing e a gestão se tornam senhores, a essência bíblica se perde. Todas as denominações recebem o impacto desta influência e creio que esta é a influência mais presente em nossa época de pragmatismo em todas as áreas.

Como, então, deveria ser o líder cristão?
O texto de nosso irmão Marcos é que melhor explica a liderança cristã:

MARCOS 10:
35 E aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo: Mestre, queremos que nos faças o que te pedirmos.
36 E ele lhes disse: Que quereis que vos faça?
37 E eles lhe disseram: Concede-nos que na tua glória nos assentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda.
38 Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu bebo, e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado?
39 E eles lhe disseram: Podemos. Jesus, porém, disse-lhes: Em verdade, vós bebereis o cálice que eu beber, e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado;
40 Mas, o assentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me pertence a mim concedê-lo, mas isso é para aqueles a quem está reservado.
41 E os dez, tendo ouvido isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João.
42 Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes dos gentios, deles se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre elas;
43 Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal;
44 E qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.
45 Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.

Neste momento em que os discípulos que veem que o ministério terreno de Jesus está acabando, os irmãos Boanerges (“filhos do trovão”), vão fazer um pedido bem simples a Jesus: querem ser os chefes junto com Jesus no reino vindouro deste. Identifico-me com eles, pois sempre quero o primeiro lugar, sempre quero estar à frente, sempre quero aparecer... Mas este é o impacto do impostor que há em mim. Este impostor está constantemente me levando para lugares que eu não deveria estar e preocupando-me com coisas que não deveriam esquentar a minha cabeça. Mas é assim... Em alguns momentos no vemos ansiosos por posições, cargos e ministérios enquanto nosso coração deveria se envolver com aquilo que é vida e gera vida.[1] O coração do verdadeiro líder está em servir e não em mandar.
Outra questão envolvida neste texto é que há um preço a ser pago por todo líder. Jesus queria salvar o mundo dos seus pecados,[2] e o preço disto era a sua morte.[3] Com isto em vista, se realmente ele queria alcançar seu objetivo, tinha que pagar o preço. E efetivamente pagou (aleluia)![4] Se Tiago e João queriam ser líderes, tinham que pagar um preço. Nos caso deles o preço era o batismo no qual Jesus seria batizado, o que nada mais era que sua morte na cruz.
Os condiscípulos deles começaram a reclamar por conta deste pedido, mas a meu ver a reclamação era porque, na verdade, todos eles almejavam, do seu jeito, aquela posição de destaque.
Jesus precisa, então, parar tudo e explicar como funciona a liderança cristã e a secular:
a)      Método Secular - baseado em uso de poder, posição e autoridade humana. Geralmente precisa de clara manifestação de status e posição, buscando o bem do povo desde que este não prejudique seus próprios interesses ou os do Estado. Depende de poderio nas áreas bélicas, financeiras, administração e marketing;
b)      Método Cristão - baseado no serviço, autonegação e humildade. O método é quase o inverso do de cima, se você quer ser o primeiro, seja o último; se quer ganhar, tem que perder; [5] se quer liderar precisa servir.
            Jesus – sempre Ele – termina de maneira magistral, dando o exemplo que Ele queria ensinar. Os discípulos não haviam entendido ainda porque Jesus não havia morrido, mas depois da morte, sepultamento e ressurreição de Jesus eles, definitivamente, aprenderam a lição: O Grande Mestre, o Senhor de todos havia servido a eles de maneira efetiva e agora eles deveriam copiá-lo pra executar sua própria missão.
            Servir é a verdadeira liderança!
            Soli Deo Gloria.






   [1]Não estejais inquietos (ansiosos) por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças” (Fp 4.6); “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (Fp 4.7).
   [2] “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
   [3] “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6.23).
   [4] “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação” (Ap 5.9).
   [5] “Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á” (Mt 16.25).

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