quarta-feira, 30 de maio de 2012

Disciplina na Igreja (aula 12)


Caros 
Em em meu ver, com relação a disciplina na igreja, há dois extremos hoje em nossas igrejas: legalismo e libertinagem. Por uma lado há um tempo atrás excluíamos a todo momento, hoje não exercitamos nem um tipo de disciplina.
Abaixo seguem princípios bíblicos para tal árdua tarefa.
PAZ

Aula 12

A DISCIPLINA NA IGREJA
Visto que a disciplina eclesiástica é um aspecto do uso do poder da igreja, é conveniente apresentar aqui uma discussão dos princípios bíblicos relevantes para a prática da mesma.

1. O propósito da disciplina eclesiástica

a. Restauração e reconciliação do cristão que se está desviando. O pecado impede a comunhão com outros cristãos e com Deus. Para que haja reconciliação, o pecado precisa ser tratado. Portanto, o propósito principal da disciplina eclesiástica é alcançar o duplo alvo de restauração (levar o pecador ao comportamento correto) e de reconciliação (entre cristãos e com Deus). Assim como pais sábios disciplinam seus filhos (Pv 13.24: “Mas o que o ama [o filho], cedo, o disciplina”), e assim como Deus, nosso pai, disciplina a quem ama (Hb 12.6; Ap 3.19), também a igreja em sua disciplina age em amor para trazer de volta um irmão ou irmã que se tenha desviado, estabelecendo de novo tal pessoa em comunhão e livrando-a dos caminhos destrutivos da vida. Em Mateus 18.15, a esperança é que a disciplina pare no primeiro passo, quando alguém vai sozinho: “Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão”.  A frase “ganhaste a teu irmão” implica que aqueles que exercem a disciplina devem manter o alvo de reconciliação pessoal entre os cristãos sempre em mente. Paulo lembra-nos que devemos “restaurar” (nvi) o irmão (ou irmã) pecador “com espírito de brandura” (Gl 6.1), e Tiago incentiva-nos a “converter o pecador do seu caminho errado” (Tg 5.20).
b. Impedir que o pecado se espalhe, atingindo outros (I Co 5:6) . Embora o primeiro alvo da disciplina eclesiástica seja restauração e reconciliação do crente que está no erro, nessa presente era a reconciliação e a restauração nem sempre acontecerão. Mas quer ocorra a restauração, quer não, a igreja está ordenada a exercer disciplina, pois dois outros propósitos também estão em vista.
c. Proteger a pureza da igreja e a honra de Cristo (Tt 2:10). O terceiro propósito da disciplina eclesiástica é que a pureza da igreja deve ser protegida, para que Cristo não seja desonrado. Naturalmente, nenhum cristão, nessa era, tem o coração completamente puro, e todos nós temos algum pecado que permanece em nossa vida. Mas quando um membro da igreja permanece em pecado de maneira indubitavelmente óbvia para os outros, em particular para os descrentes, isso traz, sem dúvida, desonra a Cristo. É semelhante à situação dos judeus que desobedeciam à lei de Deus e levavam descrentes a ridicularizar e a blasfemar o nome de Deus (Rm 2.24: “O nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa”).

2. Por causa de quais pecados a disciplina eclesiástica deve ser exercida?

Por um lado, o ensino de Jesus em Mateus 18.15-20 fala-nos que, se uma situação que envolve um pecado de alguém contra outrem não pode ser resolvida em uma reunião privada ou de um grupo pequeno, o assunto deve, então, ser levado à igreja:
Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano (Mt 18.15-17).

Nesse caso, o assunto avançou de uma situação particular e informal para um processo de disciplina público e muito mais formal, feito pela igreja inteira.

3. Como deve ser exercida a disciplina eclesiástica?

 Esse parece ser o propósito de Mateus 18.15-17, que está por trás do avanço gradual que começa numa reunião privada, passa para uma reunião com duas ou três pessoas e chega à revelação a toda a igreja. Quanto menos pessoas souberem de algum pecado, melhor, pois é mais fácil haver arrependimento, um número menor de pessoas se desvia, e a reputação da pessoa envolvida, da igreja e de Cristo é menos prejudicada.
b. Medidas disciplinares devem ser cada vez mais severas até que haja uma solução. Uma vez mais, em Mateus 18, Jesus nos ensina que não podemos parar simplesmente em uma conversa privada se essa não trouxer resultados satisfatórios. Ele exige que a pessoa ofendida vá primeiro sozinha, e então leve mais uma ou duas outras pessoas (Mt 18.15-16). Além disso, se um cristão acha que ofendeu alguém (ou se alguém acha que foi ofendido), Jesus exige que a pessoa que cometeu o erro (ou que acredita ter errado) vá à pessoa que se considera vítima do erro cometido (Mt 5.23). Isso significa que se fomos ofendidos ou outros acham que foram ofendidos, sempre é nossa responsabilidade tomar a iniciativa e ir falar com a outra pessoa. Jesus não nos permite que esperemos a outra pessoa vir falar conosco.
c. A disciplina dos líderes da igreja. Em uma passagem Paulo apresenta diretrizes concernentes à disciplina dos líderes da igreja:
Não aceites denúncia contra presbítero, senão exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas. Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais temam. Conjuro-te, perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos, que guardes estes conselhos, sem prevenção, nada fazendo com parcialidade (1Tm 5.19-21).

Paulo apresenta aqui uma cautela especial a fim de proteger os líderes de ataques individuais: uma medida com respeito ao pecado, nesse caso, exige o depoimento de duas ou três testemunhas. “Os que vivem no pecado” devem ser repreendidos “na presença de todos”. A razão disso é que o mau exemplo da conduta pecaminosa dos líderes terá, muito provavelmente, o efeito negativo que se disseminará nos outros que vêem a vida deles. Assim, Paulo aconselha Timóteo a “nada fazer com parcialidade” em tal situação, advertência muito útil, já que Timóteo era possivelmente muito amigo de vários líderes da igreja de Éfeso.
d. Outros aspectos da disciplina eclesiástica. Uma vez que a disciplina seja exercida, tão logo haja arrependimento em qualquer estágio do processo, os cristãos cientes da disciplina devem receber de coração o arrependido na comunhão da igreja com rapidez. Paulo afirma: “De modo que deveis, pelo contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o mesmo consumido por excessiva tristeza [...] Pelo que vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor” (2Co 2.7-8; cf. 7.8-11). Uma vez mais, nosso propósito na disciplina eclesiástica nunca deve ser punir alguém com um desejo de vingança, mas sempre restaurá-lo e curá-lo.
e. A disciplina deve ser exercida com verdade, amor e no tempo adequado. “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita ao seu tempo” (Pv 25:11). Entendemos através deste texto que a verdade deve ser dita, mas ela tem uma hora certa de ser dita. O amor deve permear todas as nossas relações e atitudes. Costumo falar que antes de brigar com minha esposa, seja por qualquer motivo, devo lembrar a mim mesmo que a amo, depois disto falo o que sinto, no entanto, filtrado por um coração que ama. Vamos tentar isto em todas as nossas relações?

Bibliografia:
Teologia Sistemática, Waine Gruden. Ed Vida Nova

Nenhum comentário:

Postar um comentário