A Ressurreição de
Jesus
Aula 12
TNT II
Ressurreição: o cerne
da mensagem cristã primitiva
Homens israelitas,
escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com
maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós
mesmos bem sabeis; A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e
presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de
injustos; Ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era
possível que fosse retido por ela; Atos 2:22-24
A IMPORTÂNCIA DA
RESSURREIÇÃO
Os discípulos de Jesus
se apegaram firmemente à esperança do estabelecimento do Reino de Deus dentro
de um breve período de tempo. Haviam argumentado sobre quem teria a posição
mais elevada no Reino (Mt. 18: 1), e a mãe de dois de seus discípulos procurou
influenciar Jesus a dar aos seus filhos lugares preferenciais no Reino vindouro
(Mc.10:37; Mt. 20:21). A pergunta que os discípulos fizeram após a Páscoa,
"Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?" (At. 1:6),
mostra que o pensamento deles continuava a ser dominado pela esperança de um
reino teocrático terreno. Sem dúvida, aqueles discípulos estavam entre os mais
destacados dos que exaltaram a entrada de Jesus em Jerusalém com a exclamação:
"Bendito o Reino do nosso pai Davi, que vem em nome do Senhor!" (Me.
11:10). A morte de Jesus abalou todas essas esperanças.
A morte de Jesus significou a morte de suas
esperanças.
Por definição, o
Messias deveria ser um soberano que reinaria, não um criminoso crucificado. Em
poucos dias, no entanto, tudo isto mudou. Aqueles galileus desiludidos
começaram a proclamar uma nova mensagem em Jerusalém. Afirmavam que Jesus era
de fato o Messias (At. 2:36), que sua morte tinha sido a vontade e o plano de
Deus, muito embora fosse, humanamente falando, um assassinato indesculpável
(At. 2:23). Com ousadia, asseveraram que aquele que os judeus tinham
assassinado era o autor da vida (At. 3:15), e que, por intermédio desse Jesus
crucificado, Deus não somente Ihes oferecia o arrependimento e o perdão dos
pecados, mas também cumpriria tudo o que havia prometido pelos profetas do
Antigo Testamento (At.3:21).
Qual foi a causa dessa transformação radical, tanto na conduta dos
discípulos como em sua atitude para com Jesus? A resposta do Novo Testamento é
que Jesus ressuscitou dentre os mortos. Ao passo que o
derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes é descrito como o evento
que deu nascimento à Igreja como uma comunidade autoconsciente; a transformação
dos discípulos - de um grupo aterrorizado, sem esperança e desapontado, em um
grupo de pregadores, ousados, de Jesus como o Messias e o agente da salvação -
foi causada pela ressurreição dEle dentre os mortos.
De fato, a
ressurreição é o cerne da mensagem cristã primitiva.
Resumo
Em suma, o
cristianismo primitivo não consistia de uma nova doutrina sobre Deus nem de uma
nova esperança de imortalidade, nem mesmo de novas perspectivas teológicas a
respeito da natureza da salvação. Consistia do recital de um grande evento,
de um poderoso ato de Deus: a ressurreição de Cristo dentre os mortos.
Quaisquer novas ênfases surgidas na teologia representam o significado inevitável
desse ato redentor de Deus, ao ressuscitar dentre os mortos o Jesus
crucificado.
O FATO DA RESSURREIÇÃO
Para o estudante
moderno de história e de teologia bíblica, algumas questões difíceis se
interligam ao testemunho do Novo Testamento, em relação à ressurreição de
Cristo. Atualmente, é impossível para algumas pessoas aceitarem o fato da
ressurreição conforme narrado na Bíblia; contudo, a ressurreição serve somente
para focalizar a atenção mais intensamente sobre o caráter do curso completo da
história da redenção. Paulo escreveu em 1 Coríntios 15:14: "E, se Cristo
não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé“. Essa
declaração parece muito ousada. Não é a fé no Deus vivo que é fundamental à
vida? Será que a fé no Deus vivo pode ser perturbada pela realidade ou
não-realidade de um evento isolado? Será que o autor de Hebreus estabeleceu a
fé em Deus como o princípio básico, subjacente a tudo mais, quando escreveu,
"... porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele
existe e que é galardoador dos que o buscam" (Hb. 11 :6). Não deveríamos
dizer que é a fé no Deus vivo que vindica ou dá crédito à nossa confiança na
ressurreição de Cristo?
Essa sugestão é persuasiva, mas é contradita da pela linha de raciocínio
seguida por Paulo. Se Cristo não ressuscitou, a fé é algo inútil. A razão para tanto não é obscura. O Deus que é
adorado na fé cristã não é o produto dessa mesma fé e tampouco a criação de
teólogos ou filósofos. Ele não é um Deus que foi inventado ou descoberto pelos
homens. E o Deus que tomou a iniciativa de falar aos homens, de revelar-se em
uma série de eventos redentores, que recuam, no tempo, à libertação de Israel
do Egito e a períodos anteriores a esse. Deus não se tornou conhecido por meio
de um sistema de ensino, ou por uma teologia ou ainda por um livro, mas por
meio de uma série de eventos registrados na Bíblia. A vinda de Jesus de Nazaré
foi o ápice dessa série de eventos redentores; e sua ressurreição é o ponto que
valida tudo o que dantes acontecera. Se Cristo não ressuscitou dentre os
mortos, a longa jornada dos atos redentores de Deus para salvar seu povo
terminou em uma rua-sem-saída, em um túmulo. Se a ressurreição de Cristo não é
realidade, então não temos segurança de que Deus é o Deus vivo, pois a morte
é a palavra final. A fé é inútil, porque o objeto dessa mesma fé não
vindicou a si próprio como o Senhor da vida. A fé cristã, portanto, está
aprisionada no túmulo, juntamente com a mais elaborada e final auto-revelação
de Deus em Cristo - se Cristo, realmente, estiver morto.
Nosso entendimento da
ressurreição de Cristo é uma questão muito mais ampla do que a própria
ressurreição; envolve a natureza da fé cristã como um todo, a natureza de Deus
e de sua obra redentora. A Bíblia representa Deus como um Deus vivo, que é
criador e sustentador de toda vida e existência, que não pode nem ser
identificado com sua criação, de forma panteísta, nem pode estar separado dela,
de forma deísta. Ele está acima da criação e da história, e ainda assim,
permanece continuamente ativo nelas. Como o Deus vivo, é capaz de agir por meio
de processos que transcendem a experiência e o conhecimento humano comum.
O Testemunho do Novo
Testamento sobre a ressurreição:
O testemunho do Novo
Testamento é que um ato objetivo aconteceu em um jardim fora dos limites de
Jerusalém, no qual o Jesus crucificado e sepultado emergiu do túmulo, para uma
nova ordem de vida. Ao tratarmos do fato objetivo da ressurreição, não é nossa
intenção provar esse fato para compelir à fé. Reconhecemos que a fé não pode
ser compelida pela recitação de fatos "históricos" ou objetivos,
mas somente pela operação do Espírito Santo no coração humano. Porém o Espírito
Santo usou o testemunho dos discípulos quanto à realidade da ressurreição de
Cristo, e devemos, aqui, testemunhar os fatos do registro encontrado no Novo
Testamento.
Fatos que são
atestados pelos Evangelhos:
I.
Jesus foi morto. Poucos estudiosos
sérios questionarão esse fato;
II.
Em segundo lugar, as esperanças dos discípulos também estavam mortas;
III.
Um terceiro fato é este: o desânimo e frustração dos discípulos
foram abruptamente transformados em confiança e certeza;
IV.
Um quarto fato é o túmulo vazio. Esse é testemunhado por todos os
Evangelhos e está pressuposto na confissão de fé, feita por Paulo, em 1
Coríntios 15: 1-3;
V.
Um quinto fato histórico é a fé na ressurreição. Poucos negariam
hoje que a crença dos discípulos na ressurreição de Jesus dentre os mortos,
seja um fato histórico sólido. Os estudiosos que são incapazes de crer em uma
real ressurreição de Jesus admitem que os discípulos creram nela.
Conclusão
A ressurreição de Jesus não é um evento
isolado, que outorga aos
homens a calorosa confiança e esperança de uma ressurreição futura; é
o início da própria ressurreição escatológica. Se pudéssemos utilizar termos rudimentares na tentativa
de descrever realidades sublimes, diríamos que um pedaço da ressurreição
escatológica foi retirado da eternidade e plantado no meio da história. O
primeiro ato do drama do Ultimo Dia aconteceu antes do Dia do Senhor.
A vida eterna apareceu no meio da
mortalidade.
Assim, concluímos que a ressurreição de Jesus é um
evento escatológico, que ocorreu na história e deu surgimento à igreja cristã.
Contém a nota que nos dá a pista para compreendermos o caráter e a mensagem da
igreja primitiva. A Igreja veio a existir em virtude de um evento escatológico,
e ela, por sua vez, é uma comunidade escatológica, com uma mensagem
escatológica.
De alguma forma real, os eventos pertencem ao fim dos tempos e a consumação
escatológica invadiu a história.
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