Resumo do grudem
Batismo e
Plenitude no Espírito Santo
Tradicionalmente, os
livros de teologia sistemática não têm incluído um capítulo sobre o batismo no
Espírito Santo nem sobre a plenitude do Espírito Santo como parte do estudo da
“ordem de salvação”, os passos através dos quais os benefícios da salvação se
aplicam à nossa vida. Mas com a disseminação do pentecostalismo que se iniciou
em 1901, com a influência bem ampla do movimento carismático nas décadas de
1960 e 1970 e com o notável crescimento das igrejas pentecostais e carismáticas
pelo mundo inteiro desde 1970 até o presente, a questão de um “batismo no
Espírito Santo” distinto da regeneração adquiriu maior proeminência.
A. A concepção pentecostal
tradicional
O tema deste capítulo
se tornou importante hoje porque muitos cristãos dizem ter experimentado um
“batismo no Espírito Santo” que veio depois que eles se converteram e trouxe
grandes bênçãos para a vida deles. Alegam que a oração e o estudo da Bíblia se
tornaram muito mais importantes e eficazes, que descobriram nova alegria na
adoração, e
muitas vezes dizem que receberam novos dons espirituais (em especial, e com
mais freqüência, o dom de falar em línguas).
B. Que significa “batismo no
Espírito Santo” no Novo Testamento?
Há apenas sete
passagens no Novo Testamento em que lemos sobre alguém batizado no Espírito
Santo. (As traduções citadas aqui usam a palavra com em lugar de em.)
Alistamos abaixo as sete passagens.
C. Como devemos entender os casos
de “segunda experiência” em Atos?
Mas mesmo que tenhamos
entendido corretamente a experiência dos discípulos no Pentecostes registrada
em Atos 2, não há outros exemplos de pessoas que tiveram uma “segunda
experiência” de capacitação pelo Espírito Santo depois da conversão, como
aquelas de Atos 8 (em Samaria), Atos 10 (a família de Cornélio) e Atos 19 (os
discípulos de Éfeso)?
Estes não são também
exemplos realmente convincentes para provar a doutrina pentecostal do batismo
no Espírito Santo. Primeiro, normalmente a expressão “batismo no Espírito
Santo” não é usada para se referir a qualquer desses eventos, e isso deve
causar-nos certa hesitação em aplicar essa frase a eles. Mas o mais importante
é que ao examinar cada caso mais de perto vemos mais claramente o que estava
acontecendo nesses eventos.
D. Que termos devemos usar para
nos referir à capacitação pelo Espírito Santo que acontece depois da conversão?
As seções anteriores
argumentaram que “batismo no Espírito Santo” não é o termo usado pelos autores
do Novo Testamento para falar de uma obra do Espírito Santo pós-conversão e que
os exemplos de “segunda experiência” de recepção do Espírito Santo no livro de
Atos não são padrões que devemos imitar em nossa vida cristã. Mas permanece a
questão: “Que está acontecendo realmente aos milhões de pessoas que afirmam que
receberam esse ‘batismo no Espírito Santo’ e que isso trouxe muito mais bênçãos
à sua vida? Será possível que essa seja uma obra genuína do Espírito Santo, mas
que as categorias e os exemplos bíblicos usados para ilustrá-la sejam
incorretos? Poderia haver outras expressões e ensinos bíblicos para designar
essa espécie de obra do Espírito Santo após a conversão e ajudar-nos a
entendê-la de modo mais preciso?” Penso que há, mas antes de olharmos para
elas, é conveniente comentar a importância de ter um entendimento correto sobre
essa questão.
1. Ensinar um
cristianismo de duas categorias provoca danos à igreja.
Em várias épocas na
história da igreja os cristãos tentaram dividir a igreja em duas categorias de
crentes. É isso o que ocorre com efeito com a doutrina pentecostal do batismo
no Espírito
Santo.
Mas
tal divisão de cristãos em duas categorias não é uma compreensão singular
encontrada somente no ensino pentecostal no século XX. De fato, muito do ensino
pentecostal veio de antigos grupos de santidade que ensinavam que os cristãos
poderiam ser crentes comuns ou crentes “santificados”. Outros grupos têm
dividido os cristãos usando diferentes categorias, tais como crentes comuns e
aqueles que são “cheios do Espírito”, ou crentes comuns e aqueles que são
“discípulos”, ou cristãos “carnais” e “espirituais”. De fato, a Igreja Católica
Romana há muito tem não só duas, mas três categorias: crentes comuns,
sacerdotes e santos.
2. Há muitos graus de
capacitação, comunhão com Deus e maturidade cristã pessoal.
Haveria
um modelo melhor para entender os vários graus de maturidade e poder e comunhão
com Deus experimentados pelos cristãos? Se desejamos eliminar as categorias que
nos fazem pensar em cristãos em um grupo ou outro.
a. Como
devemos entender as experiências de hoje? Que tem acontecido então às
pessoas que dizem ter experimentado o “batismo no Espírito Santo” que lhes
trouxe grandes bênçãos à vida? Devemos entender primeiro o que é normalmente
ensinado sobre a necessidade de se preparar para o batismo no Espírito Santo.
Com muita freqüência as pessoas são ensinadas que devem confessar todos os
pecados conhecidos, arrepender-se de qualquer pecado que permaneça em sua vida,
confiar em Cristo para receber o perdão desses pecados, entregar todas as áreas
da vida para o serviço do Senhor, entregar-se plenamente a ele e crer que
Cristo vai capacitá-las de uma maneira nova e equipá-las com novos dons para o
ministério. Então, depois dessa preparação, elas são encorajadas a pedir a
Jesus em oração que as batize no Espírito Santo. Mas que fruto é produzido por
essa preparação? Ela é uma receita segura para crescimento expressivo na vida
cristã! Essa confissão, arrependimento, compromisso renovado e fé e expectativa
intensificadas, caso sejam genuínas, só podem trazer resultados positivos na
vida de uma pessoa. Se qualquer cristão for sincero nesses passos de preparação
para receber o batismo no Espírito Santo, com certeza haverá crescimento em
santificação e comunhão mais profunda com Deus.
b. Que
termos devemos usar hoje? Agora podemos entender por que os termos que
usamos para descrever essa experiência e a categoria de entendimento em que a
colocamos são tão importantes. Se usarmos a terminologia pentecostal
tradicional de “batismo do Espírito Santo”, então quase inevitavelmente
acabamos caindo no cristianismo de duas categorias, pois isso é visto como uma
experiência comum que pode e de fato deve ocorrer a cristãos num ponto da
linha do tempo, e, uma vez que tenha ocorrido, não precisa mais ser repetida. É
visto como uma experiência singular de capacitação para o ministério, distinta
da experiência de se tornar cristão, e as pessoas ou já receberam essa
experiência ou ainda não. Em especial, quando a experiência é descrita em
termos do que ocorreu aos discípulos no Pentecostes em Atos 2 (que foi
claramente para eles uma experiência única), os samaritanos em Atos 8 e os
discípulos de Éfeso em Atos 19, infere-se claramente que ela é um evento único
que não só capacita as pessoas para o ministério, mas também as coloca numa
categoria ou grupo diferente daquele em que estavam antes desse acontecimento.
O uso do termo “o batismo no Espírito
Santo” inevitavelmente implica dois grupos de cristãos.
c. Que
é “ser cheio do Espírito Santo”? Contudo, o termo ainda mais comumente
usado no Novo Testamento é “ser cheio do Espírito Santo”. Por causa do seu
freqüente uso em contextos que falam de crescimento cristão e ministério, este me parece o melhor termo a ser usado
para descrever as genuínas “segundas experiências” hoje (ou terceira ou quarta
experiência, etc.). Paulo diz aos efésios: “Não se embriaguem com vinho, que
leva à libertinagem, mas deixem-se encher
pelo Espírito” (Ef 5.18, nvi). Ele usa um verbo no presente do
imperativo que poderia ser traduzido de modo mais explícito por “sejam
continuamente cheios pelo Espírito Santo”, dando a entender assim que isso é
algo que deve acontecer continuamente com os cristãos.
3. Ser cheio do
Espírito Santo não resulta sempre em falar em línguas.
Resta
ainda um ponto que precisa ser tratado com respeito à experiência de ser cheio
do Espírito Santo. Por existirem vários casos em Atos em que pessoas receberam
o poder da nova aliança do Espírito Santo e começaram ao mesmo tempo a falar em
línguas (At 2.4; 10.46; 19.6; provavelmente implícito também em 8.17-19 por
causa do paralelo com a experiência dos discípulos em At 2), o ensino
pentecostal normalmente tem sustentado que o sinal externo do batismo no Espírito
Santo é o falar em línguas (isto é, falar em línguas que não são entendidas e
não foram aprendidas pela pessoa que fala, sejam línguas humanas conhecidas,
sejam outras espécies de línguas angelicais ou celestiais ou dadas
miraculosamente).
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